Ministro alemão coloca tratado de Schengen em xeque
18 de março de 2018O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, levantou a possibilidade de o país suspender o tratado de Schengen – que garante a livre-circulação de pessoas entre os país da União Europeia (UE) – por tempo indeterminado para intensificar o controle em suas fronteiras.
"O controle de nossas fronteiras deve ser mantido enquanto a UE não estiver em posição de proteger suas fronteiras externas", disse. "Eu não vejo (a UE) conseguir fazer isso num futuro próximo", completou. As declarações foram concedidas em entrevista à edição deste domingo (18/03) do jornal Welt am Sonntag.
Em novembro, diante de episódios de atentados terroristas e fluxo contínuo de refugiados, seis países signatários do tratado decidiram reintroduzir controles em suas fronteiras. Entre eles estão a Alemanha, a Áustria, a Suécia, a França, a Noruega e a Dinamarca. A previsão é que os controles durem até maio deste ano, mas as declarações de Seehofer sinalizam que o caso alemão possa ultrapassar a data limite de 12 de maio, pressionando ainda mais as bases do tratado.
Segundo a Comissão Europeia, esse tipo de medida deve permanecer uma exceção e respeitar o princípio de proporcionalidade. A Comissão, no entanto, não tem poder para vetar qualquer decisão dos seus membros de se reintroduzir controles em suas fronteiras.
Polêmicas
Seehofer é presidente da União Social Cristã (CSU) da Baviera, partido irmão da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel. Ele assumiu o posto de ministro em 14 de março. Desde então tem feito declarações que vêm causando desconforto ao governo. Na semana passada, disse, por exemplo, que "o islã não pertence à Alemanha".
"Os muçulmanos que vivem entre nós são, naturalmente, parte da Alemanha. Mas claro que isso não significa que nós, por falsa consideração, devemos abrir mão de nossas tradições e costumes", disse.
Em reação às declarações de Seehofer, Merkel afirmou que a Alemanha é fortemente marcada sobretudo pelo cristianismo e pelo judaísmo, mas que hoje milhões de muçulmanos vivem no país e praticam sua religião. "Esses muçulmanos também pertencem à Alemanha, e, do mesmo modo, sua religião também pertence a Alemanha, ou seja, o islã", disse Merkel. "Precisamos fazer de tudo para promover uma boa convivência entre as religiões."
JPS/ots
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