Ministro alemão admite erros antes de ataque em Berlim
13 de janeiro de 2017Quase um mês após o ataque terrorista no mercado de Natal em Berlim, o ministro da Justiça da Alemanha, Heiko Maas, admitiu que erros foram cometidos pelas autoridades na prevenção de atentados.
"Depois do que aconteceu e do que aprendemos desde então, não é possível que alguém diga que nenhum erro foi cometido", afirmou Maas num programa de debate político na emissora pública ZDF.
Maas disse que os ministérios continuam a investigar de que forma o tunisiano Anis Amri, que teve refúgio negado no país, conseguiu executar o atentado na capital alemã apesar de ter sido citado pela agência de antiterrorismo do país ao menos sete vezes. No dia 19 de dezembro, Amri avançou com um caminhão sobre o mercado de Natal na praça Breitscheidplatz, matando 12 pessoas.
Mesmo sendo identificado como potencial ameaça em fevereiro de 2016, as autoridades decidiram não deportá-lo por considerar que ele não representava uma ameaça grave, segundo informou o jornal alemão Süddeutsche Zeitung.
Amri estava profundamente envolvido na cena salafista no estado da Renânia do Norte-Vestfália, além de ter permanecido durante meses sob vigilância policial em Berlim, antes do ataque.
Mais cooperação entre os estados
O ataque levou os ministérios federais da Alemanha a rever os procedimentos de segurança. Maas disse que um relatório detalhando precisamente quem fez o que e quem tomou as decisões referentes ao caso será entregue a todos os ministérios envolvidos nos próximos dias. O ministro disse ainda que será avaliado se "princípios legais" evitaram que as autoridades tomassem medidas em antecipação.
Suas declarações ecoam as de outros políticos alemães que pedem mudanças nas leis de segurança. Dentro das regulamentações atuais, não é possível deter pessoas que representem perigo em potencial.
Maas e o ministro do Interior, Thomas e Maizière, pediram maior cooperação dos 16 estados alemães nas questões de segurança e terrorismo, como maior consistência na vigilância de potenciais agressores.
Por exemplo, um suspeito que está sob vigilância de vídeo em um estado não deve ter apenas suas conversações telefônicas vigiadas em outras unidades federativas.
As discrepâncias entre as medidas de segurança e o compartilhamento de informações entre os estados foi amplamente destacada após o ataque de Berlim. Mass defende que deve se buscar um "meio termo sensato" no que diz respeito a quaisquer mudanças.
Maioria apoia reforço nas deportações
A pesquisa Politbarometer ("barômetro político") divulgada pela ZDF nesta sexta-feira revela que 88% dos entrevistados apoiam que requerentes de refúgio considerados perigosos permaneçam sob custódia das autoridades, caso a deportação imediata para seus países de origem não seja possível. Apenas 9% se manifestaram contra a proposta.
No total, 67% apoiam a exigência de leis mais rígidas para a deportação, enquanto 31% consideram as leis atuais adequadas. Pouco mais da metade dos entrevistados (51%) concorda que a Alemanha não age adequadamente para se defender de ataques, enquanto 44% discordam.
RC/dpa/rtr/afp