Diplomacia
15 de janeiro de 2010O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, taxou como "muito concreta e muito boa" a primeira rodada de conversas na China nesta quinta-feira (15/01).
O país asiático é o principal parceiro da Alemanha naquele continente e, segundo avaliação de observadores, o ministro alemão demonstrou especial atenção à China, ao visitar o país apenas três meses após assumir o cargo.
Direitos humanos, censura na internet e mudanças climáticas foram os temas discutidos com o colega de pasta chinês Yang Jiechi. A questão do Tibete, ponto sensível na relação entre os dois países, também foi abordada por Westerwelle, que pediu a Jiechi que a China retome o contato com o Dalai Lama.
Apesar do clima amistoso durante a visita, as relações diplomáticas entre os dois países já não são tão boas como antigamente. Parceiras desde 1972, China e Alemanha mantêm bom intercâmbio também no campo político.
Relações bilaterais já foram melhores
O 23 de setembro de 2007 é tido como um dia negativo nas relações China-Alemanha: foi quando a chanceler federal Angela Merkel recebeu o líder religioso tibetano Dalai Lama. "Neste meio-tempo, Merkel percebeu que não é inteligente ofender a China com coisas irrelevantes – dentre elas o tema Dalai Lama", lembra Liu Liqun, especialista em Alemanha na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim.
Na época, pontua Liqun, as relações entre a chanceler federal e o governo chinês ficaram estremecidas – situação que Westerwelle já conhece. Antes de assumir a pasta, Westerwelle também se encontrou como Dalai Lama e disse à imprensa alemã que o faria novamente quando assumisse o posto de ministro. Na China, no entanto, assegurou não ter data marcada para isso no momento.
Outro ponto sensível é a questão que envolve a fundação Friedrich Naumann, ligada ao Partido Lideral Democrata (FDP), de Westerwelle. Ela teve de fechar seu escritório em Pequim em 1996, após organizar com o líder exilado uma conferência sobre o Tibete.
Conversa na medida certa
Embora tenha declarado a intenção, na condição de ministro Westerwelle não voltou a manifestar o desejo de se encontrar com Dalai Lama. Na opinião de Liu Liqun, essa postura foi acertada. "Ele tem consciência de que a questão é delicada e teria consequências negativas". Mas Liqun também aponta outra razão: "Ou reside no fato de que a influência da China no mundo cresceu e a Alemanha e outros países ocidentais dependem mais dela".
Westerwelle e o ministro chinês devem voltar a se encontrar em fevereiro, quando Yang Jiechi viaja à Alemanha para participar da Conferência sobre Segurança, em Munique. Será a primeira vez que um ministro de Relações Exteriores da China participa do tradicional evento.
NP/DW/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer