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Ministro convoca resistência contra anti-semitismo

(ef)29 de maio de 2002

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, conclamou o seu povo a uma resistência contra toda forma de anti-semitismo.

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Joschka Fischer: Alemanha tem responsabilidade histórica e moral com os judeus.Foto: AP

"É vergonhoso que judeus alemães tenham novamente a sensação de que estão abandonados e discutem seriamente se seria um erro permanecer na Alemanha", disse o político do Partido Verde, ao agradecer o título de doutor honoris causa em Filosofia, que recebeu da Universidade Haifa, em Israel, nesta quarta-feira, por seu engajamento no processo de paz no Oriente Médio. Israel pode contar com a Alemanha também no futuro como parceiro confiável, segundo ele, porque esta não seria uma questão de constelações políticas, mas uma constante irrefutável da política alemã em face da responsabilidade histórica e moral pelo genodício de judeus. A Alemanha nazista exterminou seis milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

O discurso do chefe da diplomacia alemã foi também uma resposta indireta à contenda entre o Partido Liberal e o Conselho Central dos Judeus na Alemanha. Um lado acusa o outro de incentivar o anti-semitismo com suas declarações. Na condição de sétimo alemão a receber o título de doutor honoris causa da Universidade de Haifa, Fischer falou de uma dupla responsabilidade alemã. Uma com a crescente comunidade judaica na Alemanha, devido à imigração de judeus do Leste Europeu, após o desmoronamento do bloco comunista, e outra com um engajamento no processo de paz no Oriente Médio.

Missão de paz

- Em mais uma tentativa de mediar a paz, Fischer vai encontrar-se nesta quinta-feira, com os ministros israelenses da Defesa e das Relações Exteriores, Benjamin Ben-Eliser e Shimon Peres. Amanhã, deverá conversar com o primeiro-ministro Ariel Sharon e o presidente palestino Yasser Arafat. Em Haifa, ele disse que a conferência internacional de paz planejada para julho oferece uma nova chance para um verdadeiro processo de paz no Oriente Médio. Mas para isso israelenses e palestinos teriam de fazer concessões dolorosas.

No discurso, o ministro alemão delineou um plano de paz de vários pontos, cuja meta principal é a existência de um Estado israelense e outro palestino ligados a uma segurança comum. Isso poderia também normalizar as relações entre Israel e os vizinhos árabes, segundo Fischer. O título recebido da Universidade de Haifa é uma estréia acadêmica do ministro. Agora ele pode ser chamado de doutor em Filosofia sem nunca ter feito um curso universitário.

Plano de paz escalonado

– Fontes diplomáticas na Arábia Saudita informaram esta semana que o chefe da diplomacia alemã vai apresentar às partes envolvidas no conflito um plano de várias etapas, começando por um cessar-fogo, o fim das colônias de judeus nos territórios ocupados e a retirada de Israel das regiões que ocupou na Guerra dos Seis dias, em 1967.

A seguir, os palestinos devem criar o seu Estado independente, o que seria seguido, dois anos depois, pela demarcação das fronteiras com o Estado de Israel e a assinatura de um acordo de paz definitivo. Jerusalém, reivindicada tanto pelos israelenses como pelos palestinos, deve ser a capital dos dois países.

Depois de superadas as divergências de opinião entre Israel, de um lado, e a Síria e o Líbano de outro, seriam então normalizadas as relações entre o Estado judeu e o mundo árabe. Tal normalização é parte das propostas de paz aprovadas pelos árabes, no final de março, em Beirute.