Crise do euro
22 de outubro de 2011Os ministros das Finanças da União Europeia anunciaram neste sábado (22/10) que os grandes bancos da zona do euro deverão se preparar para assumir perdas maiores com os títulos da dívida pública grega que adquiriram. Conforme fontes diplomáticas, será proposto aos bancos que assumam até 60% de perdas com a dívida. O índice anterior era de 21%.
Os participantes da reunião em Bruxelas calculam que os maiores bancos do continente necessitam de recapitalização de 100 bilhões de euros, para garantir uma "margem de manobra" suficiente, no caso de perdas com os títulos de dívida e com as turbulências dos mercados.
O ministro das holandês Finanças, Jan Kees de Jager, disse estar excluída a proposta francesa de ligar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) ao Banco Central Europeu (BCE). A ideia levaria o FEEF a operar como um banco, permitindo seu refinanciamento junto ao BCE. A Alemanha se opôs à alternativa, alegando que o regulamento da entidade bancária impede a manobra.
Relatório da Troika
Bruxelas recebeu, na tarde de sábado, três reuniões simultâneas com o objetivo de resolver a crise do euro. Além dos ministros das Finanças, também se encontraram integrantes do Eurogrupo e do Conselho de Assuntos Gerais.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, também conversaram após a reunião ministerial. O relatório da Troika com técnicos do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia indica que a situação da economia grega piorou nos últimos três meses. Os especialistas projetam que o ônus da dívida grega neste ano chegue a 162% do desempenho econômico do país.
A expectativa é de este índice subir a 186%, até 2013. Técnicos apontam que, para conseguir liquidez sem ajuda externa, a Grécia "não poderia voltar aos mercados até 2021". Conforme o relatório, a capacidade de endividamento da Grécia chegou ao fim, fazendo com que o país necessite de um grande pacote de resgate.
Por uma nova estratégia
A equipe que acompanha a crise grega calcula que o país necessite de mais 252 bilhões de euros até 2020. Em uma projeção pessimista, o montante pode chegar a 444 bilhões de euros. Este cenário será possível, caso a recessão se agrave, as privatizações não avancem ou a sobrecarga de risco dos títulos da dívida cresçam.
Os chefes de Estado da União Europeia se encontram neste domingo em Bruxelas para buscar nova estratégia comum para enfrentar a crise das dívidas da zona do euro. Além da descartada proposta francesa de transformar o FEEF em um banco, permanecem ainda outras divergências entre França e Alemanha, que podem travar a ação decidida no combate à crise.
MP/dw/lusa/ap/dpa
Revisão: Augusto Valente