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Antes da cúpula

27 de outubro de 2009

No encontro preparatório para a cúpula do fim de semana, ministros do Exterior da UE discutem a política externa do bloco. Entre os temas, as fraudes eleitorais no Afeganistão e a questão atômica do Irã.

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Presidente do Conselho da UE Bildt pede nova chance para democracia afegãFoto: AP

Os ministros do Exterior da União Europeia se encontraram nesta terça-feira (27/10) em Luxemburgo para encaminhar os preparativos para a cúpula da UE, agendada para o fim da semana. Nela, serão discutidos a reforma do bloco e feitos os últimos acertos para a Cúpula do Clima em Copenhague. Entretanto, outros problemas da política externa acabaram dominando a reunião, em especial as novas eleições no Afeganistão e o programa atômico do Irã.

Os representantes da UE lamentaram o nível de corrupção e as fraudes reveladas durante os últimos pleitos para presidente no Afeganistão. "Deve haver um novo começo no Afeganistão, quanto a isso não há dúvidas. O que vimos nas eleições presidenciais nos últimos meses levou a uma grande perda de confiança, tanto dentro do país como fora. E isso tem que ser reparado", afirmou o ministro sueco do Exterior e atual presidente do Conselho da União Europeia, Carl Bildt, fazendo referência ao segundo turno, que deverá ser realizado entre o presidente Hamid Karzai e seu rival, o ministro do Exterior Abdullah Abdullah.

Mais engajamento civil

Bildt avalia que o acontecido reforça a noção de que o engajamento civil da UE na região é tão importante quanto a missão militar da Otan. "Os esforços militares são fundamentais para o sucesso no Afeganistão, mas não adiantam nada, se não houver um sucesso na reconstrução civil e política do país. Podemos enviar mais soldados mas, se fracassarmos na área política e civil, poderemos fazer o que quisermos, que não adiantará nada."

Contudo a UE também reconhece suas próprias falhas. O bloco quer, por isso, coordenar melhor e até aumentar o seu auxílio ao país. Muitos acham especialmente vergonhoso que, dos 400 instrutores de polícia prometidos para a região em 2008, somente cerca de 250 estejam no Afeganistão.

Devido às difíceis condições locais de segurança, os países-membros do bloco têm dificuldade em encontrar instrutores adequados. O ministro finlandês do Exterior, Alexander Stubb, alertou também para as expectativas exageradas em relação à democracia afegã. "Não conseguiremos ver uma democracia perfeita se formar da noite para o dia no Afeganistão", disse. "Temos que simplesmente ter paciência. O mais importante é conseguir manter o país seguro de alguma forma", observou.

Final feliz para o Irã?

Os europeus também estão frustrados com o pouco progresso no conflito com o Irã em torno da questão atômica. A ONU ofereceu a Teerã a possibilidade de enriquecer grande parte de seu urânio na Rússia.

O ministro iraniano do Exterior, Manushehr Mottaki, insinuou que seu país poderia aceitar a oferta, mas seu colega de pasta francês Bernard Kouchner se mostrou cético. "O senhor Mottaki está sempre dando declarações. Mas elas raramente são motivo de grande entusiasmo, raramente são muito positivas", reclamou.

Mesmo assim, a UE evita falar agora sobre mais sanções contra Teerã, já que ainda existem esperanças de que o acordo de enriquecimento seja firmado sob a intermediação da ONU, o que significaria um final feliz depois de anos de discussões.

Posição tcheca também preocupa

No dia anterior, na primeira jornada de reuniões dos ministros do Exterior, os políticos discutiram a posição tcheca em relação à ratificação do Tratado de Lisboa. O assunto preocupa, já que o presidente tcheco Václav Klaus é o único líder do bloco que ainda não ratificou o documento.

Enquanto isso não acontecer, os líderes europeus não poderão cogitar, durante a cúpula marcada para 29 e 30 de outubro, possíveis nomes para cargos importantes do bloco, como o do candidato à presidência permanente do Conselho da União Europeia e ao posto de representante para máximo para a política externa.

Klaus havia pedido garantias para que seu país não seja levado, com base na Carta de Direitos Fundamentais, a ter que atender a possíveis pedidos de indenizações de alemães e húngaros expulsos da antiga Tchecoslováquia depois da Segunda Guerra Mundial.

A opinião geral é que o Tratado de Lisboa nada tem a ver com o assunto. Entretanto, os países do bloco querem atender a Klaus, em troca de sua assinatura para a tratado de reforma – o problema é que ninguém sabe direito como. Uma possibilidade seria que certos trechos da carta não sejam aplicáveis à República Tcheca, tipo de exceção concedido também ao Reino Unido e à Polônia.

Autor: Christoph Hasselbach / Marcio Damasceno
Revisão: Augusto Valente