Minoria da população síria apoia Assad, afirmam especialistas
13 de junho de 2012Desertores, grandes perdas para as tropas do governo sírio e sucessos da oposição armada. Notícias da Síria que indicam um enfraquecimento do regime ou até mesmo uma fenda no sistema. No entanto, praticamente não há dúvidas de que o presidente Bashar al-Assad continua firme no poder. Apesar dos combates sangrentos, a maioria dos seguidores mantém-se fiel ao chefe de Estado.
Entre os que apoiam Assad, destaca-se a comunidade religiosa dos alauítas, à qual pertence a família do presidente. A minoria, próxima dos xiitas, compõe apenas 10% da população síria, mas ocupa um número desproporcional de cargos políticos e militares de peso. O pai de Bashar, Hafez al-Assad, já contava com a lealdade de seus companheiros de religião e garantia, assim, sua base de poder. A estratégia foi seguida pelo filho e atual líder do país.
Mas não são somente os alauítas a apoiar o presidente. Uma grande parte da classe média sunita também se beneficia com o "sistema Assad". O fato de o líder ter favorecido economicamente sobretudo empresários e comerciantes, após assumir o cargo em 2000, lhe garantiu lealdade. Até o momento, a maior parte deles não se posicionou contra o presidente – provavelmente por não querer colocar seus privilégios em risco.
Medo de discriminação
Outros grupos também temem a queda do regime. Principalmente minorias religiosas como os cristãos (10% da população) ou os drusos (3%) sentem-se em boas mãos, na secular república síria. Para eles, um Estado dominado por árabes sunitas, que são cerca de 65% dos sírios, soa como uma ameaça.
A maioria dos curdos (10% da população) adotou um posição neutra até o momento. Embora sejam predominantemente sunitas, eles têm interesses distintos daqueles dos sírios árabes.
Entretanto, muitas pessoas na Síria exigem a derrubada do regime. Não é possível identificar quantas são realmente. Alan George, especialista em Síria da Universidade de Oxford, declarou à Deutsche Welle que considerar que "a maioria dos sírios é contra o regime, ativa ou passivamente". O fato de uma minoria continuar apoiando o "sistema Assad" está relacionado, entre outras coisas, ao medo do caos e de uma guerra civil.
Relações de poder
Lorenzo Trombetta, correspondente da agência de notícias italiana Ansa em Beirute, também acredita que somente um minoria apoie o presidente, em parte, com relutância. "Eles não conseguem desligar-se dele, porque assim arriscariam suas vidas", disse à DW. Trombetta vê a quase ausência de manifestações contra o regime nas últimas semanas como indício de um declínio do apoio a Assad.
É difícil dizer quão bem sucedidos são os grupos de oposição em sua luta contra o regime sírio. O governo permite a entrada de apenas alguns jornalistas estrangeiros no país, e o jornalismo independente é praticamente impossível. Nos últimos dias, chegaram repetidas notícias de vitória, divulgadas pela oposição. Porém, as relações de poder na Síria parecem ainda não ter mudado significativamente.
Autor: Anne Allmeling (lpf)
Revisão: Augusto Valente