Missão africana só visou beneficiar Putin, afirma Kiev
17 de junho de 2023O assessor do gabinete presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, afirmou que a missão africana chefiada pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, visitou Kiev na sexta-feira (16/06) apenas para pedir a suspensão do mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
"Há um ponto com o qual eles estão preocupados e pelo qual, acredito, vieram aqui. A confiança vem em pequenos passos: 'E vamos fazer um dos pontos ser suspender o mandado do TPI emitido para a prisão de Putin, e isso simbolizará essa confiança e depois passaremos aos pontos seguintes...' É claro que todos os outros pontos não interessam a ninguém", comentou Podolyak à agência de notícias Unian.
Além disso, acrescentou, até o momento o único plano real para acabar com a guerra seria o representado pela fórmula de paz ucraniana, enquanto os demais são meras variantes de uma capitulação.
Bombardeio abalou lealdade africana com Putin
Durante o encontro com seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, Ramaphosa insistiu que "deve haver paz através de negociações". Na subsequente coletiva de imprensa, ele citou repetidamente Nelson Mandela.
No entanto, o chefe de Estado da Ucrânia rechaçou sumariamente os apelos de paz africanos, comentando: "Permitir quaisquer negociações agora que os ocupadores estão nas nossas mãos é congelar a guerra, congelar dor e sofrimento."
Sobre o bombardeio da capital ucraniana no dia da chegada da delegação africana, Podolyak se disse convencido de que o ataque com mísseis a Kiev acabou com a lealdade que alguns representantes africanos tinham para com a Rússia.
"É claro que eles não vão demonstrar isso publicamente, é claro que existe uma certa dependência de fertilizantes minerais, de suprimentos adicionais de matérias-primas, de dinheiro da Federação Russa, inclusive de companhias militares que a Rússia às vezes exporta para países africanos."
No entanto "parece-me que o ataque com mísseis foi um argumento convincente, que definitivamente fortalece a posição da Ucrânia no mercado global", acrescentou o assessor do gabinete presidencial de Kiev.
UE condena eleições russas em regiões anexadas
A União Europeia (UE) advertiu neste sábado sobre as consequências de eleições nas quatro regiões ucranianas anexadas, que o bloco comunitário considera ilegais.
"A Rússia, sua liderança política e todos os envolvidos na organização dessas assim chamadas 'eleições' sofrerão as consequências das suas ações ilegais", declarou o Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), liderado pelo espanhol Josep Borrell.
Para o órgão, o pleito marcado para em 10 de setembro seria "mais uma violação do direito internacional" e "mais uma tentativa da Rússia para tentar legitimar seu controle militar e jurídico" e a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, bem como da Crimeia e de Sebastopol.
Na mesma linha, a UE denunciou que esses potenciais processos eleitorais "violam a Carta das Nações Unidas e a independência, soberania e integridade territorial": do país invadido: "A Rússia não tem legitimidade para um ato destes em território da Ucrânia."
No comunicado, a UE reitera ainda seu apoio a Kiev, sublinhando que Moscou deve "retirar imediata, completa e incondicionalmente todas as suas tropas e equipamento militar de todo o território da Ucrânia".
Anexação ilícita
A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia anunciou na quinta-feira a realização de eleições locais nas quatro regiões ucranianas anexadas. Os pleitos teriam sido solicitados na véspera pelos governadores interinos de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, impostos pelo Kremlin.
A Rússia controla totalmente apenas Lugansk. Metade de Donetsk estava sob seu domínio antes da contraofensiva ucraniana, assim como 80% de Zaporijia e um terço do sul da província de Kherson.
O Kremlin anunciou em setembro de 2022 a anexação dessas regiões ucranianas e sua incorporação como território russo na Constituição nacional, após referendos realizados sem garantias de independência e em meio a bombardeios.
Além disso, o parlamento russo aprovou uma lei permitindo a realização de referendos e eleições locais e estatais nas regiões russas onde a lei marcial está em vigor, como é o caso destas quatro províncias da Ucrânia.
av (EFE,Lusa)