Monumento de guerra
13 de fevereiro de 2010Na área de Berlim conhecida como "terra de ninguém", na antiga divisa entre os lados ocidental e oriental da cidade, encontra-se um mistério que, mesmo duas décadas após o fim da Guerra Fria, ainda está por ser solucionado.
Na rua Bernauer, em meio à vegetação e aos montes de escombros, uma dúzia de pedras esculpidas formam um círculo em volta de uma árvore. Nelas estão as silhuetas de bombas, de fuzis AK-47 e de um soldado armado, além de um texto em inglês sobre o horror causado pela guerra.
"Ninguém sabe o que é isto, nem mesmo as pessoas que trabalham todos os dias com monumentos em Berlim", disse Ralf Dehne, do Departamento de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Berlim. "Isto provavelmente foi feito espontaneamente por um artista, sem o conhecimento das autoridades da cidade. Mas na verdade este monumento devia estar sob a proteção da cidade."
Pela idade da árvore que está no centro do círculo de pedras, Dehne estima que o monumento tenha sido criado um pouco depois da queda do muro de Berlim, em 1989.
Algumas das imagens gravadas nas pedras não são identificáveis e quase todas possuem um símbolo triangular no canto. "Lembre mães, pais, filhas, soldados e filhos que morreram ou irão morrer nas nossas guerras passadas e presentes", está escrito numa das pedras.
Uma luta com a vizinhança
Os arredores da rua Bernauer estão passando por uma grande transformação. Os lotes na "terra de ninguém" foram vendidos rapidamente nos últimos anos, transformando-se em condomínios e prédios de apartamentos. Mas isso não ocorreu sem resistência.
Os protestos dos moradores mais antigos contra as mudanças na região se intensificaram em novembro, quando uma construtora anunciou um empreendimento diante do parque Mauerpark, conhecido por seus mercados de pulgas, karaokês ao ar livre e soltadores de pipas.
De acordo com os planos dos construtores, um prédio de apartamentos de oito andares será construído no terreno onde está o monumento. A empresa Spree Architeckten, encarregada pelo projeto, não respondeu aos vários pedidos de entrevista. Não se sabe se há planos para a preservação do monumento anônimo.
Os terrenos ainda livres ao longo do antigo muro são usados como local de passeio pelos moradores do bairro. "Este é o único lugar que sobrou para passear com o meu cachorro. Eu venho aqui todos os dias e nunca havia notado isto", disse um morador a respeito do monumento esquecido.
Ele disse não acreditar que o monumento aguente por muito tempo se a prefeitura não o proteger como patrimônio histórico. Apontando na direção do Mauerpark, ele disse: "Tudo está sendo destruído por aqui".
Autora: Candice Novak (dd)
Revisão: Alexandre Schossler