Montadoras alemãs exibem bons resultados
20 de fevereiro de 2003Em um ponto as concorrentes alemãs Volkswagen e DaimlerChrysler são unânimes: não arriscam divulgar qualquer prognóstico para o ano de 2003. Ao apresentar o balanço anual, o chefe da DaimlerChrysler, Jürgen Schrempp, não quis se manifestar sobre a perspectiva de desenvolvimento dos negócios este ano, especialmente por causa da insegurança política e econômica internacional.
"Na situação atual é simplesmente impossível fazer qualquer previsão no mercado automobilístico. Cada número pode ficar ultrapassado já no dia seguinte, dependendo do que aconteça no Iraque", justificou o presidente da Volkswagen Bernd Pischetsrieder, que também preferiu apenas dar uma visão geral dos projetos de médio e longo prazo.
Volkswagen made in China
A maior montadora da Alemanha pretende investir pesado no lucrativo mercado chinês. Somente em janeiro de 2003, a Volkswagen vendeu mais carros na China do que em seu país de origem. A expectativa é que as vendas de automóveis na China subam das 513 mil unidades de 2002 para cerca de 600 mil este ano, chegando à marca de um milhão de unidades comercializadas até 2007.
A Volks tem motivos para estar otimista. Em 2002, ela aumentou em 42,8% as vendas de seus veículos na China, assumindo a liderança do mercado local. Com isso, além da marca Gol, lançada em janeiro, a montadora alemã pretende ainda este ano oferecer aos chineses quatro novos modelos: Polo, Touran, Golf e Audi A4.
Arranhão na lataria
Embora tenha alcançado o segundo melhor ano de sua história, em 2002 a Volkswagen registrou perdas em relação a 2001. O lucro antes do pagamento de impostos no ano passado foi de 3,986 bilhões de euros, um pouco menos dos cerca de 4 bilhões de euros previstos por Pischetsrieder. O lucro líquido da Volkswagen diminuiu 11,4% para 2,597 bilhões de euros.
Aproximadamente 96 mil unidades deixaram de ser comercializadas em 2002, gerando uma queda no faturamento de 1,8%, para cerca de 87 bilhões de euros dos 88,5 bilhões de euros computados em 2001. A Volkswagen anunciou que não pretende alterar os dividendos de 1,30 euro por ação ordinária e 1,36 euro por ação preferencial.
Os especialistas apontam o envelhecimento de duas marcas como uma das causas da queda do faturamento. Tanto o Golf quanto o Passat estariam ultrapassados e saturados, especialmente no mercado alemão. Por isso, a Volks está agora investindo em novos modelos, como o utilitário Touareg, a minivan Touran e o carro Golf V.
Lucro quadruplicado
Apesar da crise mundial, a DaimlerChrysler conseguiu quadruplicar seus lucros. Em 2002, a montadora vendeu 4,5 milhões de veículos leves e pesados, registrando um lucro operacional de 5,8 bilhões de euros (2001: 1,3 bilhão de euros). Um dos principais motivos para tal êxito foi o bem-sucedido plano de saneamento aplicado na subsidiária americana Chrysler, sob a chefia de Dieter Zetsche, um forte candidato à sucessão de Jürgen Schrempp.
A Chrysler não só saiu do vermelho como registrou lucro de 1,3 bilhão de euros, ao adotar uma política austera de contenção de despesas que incluiu demissões em massa e fechamento de diversos centros de produção.
O carro-chefe da DaimlerChrysler, o Mercedes Benz, continua em alta em todo o mundo, inclusive na Alemanha. Os modelos Maybach e Smart também foram sucesso de venda. Ao todo foram comercializadas 1,2 milhão de unidades em 2002.
Além disso, a montadora mantém a liderança mundial na linha de veículos pesados e utilitários. Os acionistas não tem do que reclamar: eles receberão 1,50 euro de dividendo por ação, um aumento de 50% em relação ao ano passado.
Passos maiores
O objetivo da DaimlerChrysler é crescer ainda mais no mercado americano. Para tanto, a empresa planeja colocar 16 novos modelos à venda até 2005. A expectativa é aumentar a produção da Chrysler na próxima década para um milhão de unidades por ano.
O presidente da DaimlerChrysler, Jürgen Schrempp, não acredita que as divergências políticas entre a Alemanha e os Estados Unidos possam abalar as relações comerciais da empresa alemã no mercado americano. E, assim como a Volkswagen, também almeja conquistar o mercado asiático. O forte, entretanto, deverá ser a produção de veículos pesados.