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Morales presenteia o papa com crucifixo "comunista"

9 de julho de 2015

Presidente da Bolívia entrega a Francisco uma escultura com a imagem de Jesus na forma do tradicional símbolo comunista. Objeto é reprodução de obra de sacerdote jesuíta assassinado em 1980.

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Foto: Reuters/O. Romano

O presidente da Bolívia, Evo Morales, escolheu objetos criativos para presentear o papa Francisco durante a passagem do líder católico pelo país. No encontro desta quarta-feira (08/07), em La Paz, Morales entregou ao pontífice uma imagem de Jesus Cristo numa cruz formada por uma foice e um martelo.

A foice e o martelo são um dos maiores símbolos do comunismo, ideologia política que sempre criticou a Igreja Católica e sempre foi criticada por ela.

O presente é uma reprodução da escultura feita pelo sacerdote jesuíta espanhol Luis Espinal Camps, que foi torturado e assassinado por paramilitares em 1980, devido ao seu engajamento político e social na Bolívia.

Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, o papa não expressou nenhuma reação negativa ao presente.

Morales também deu ao papa também um traje adornado com motivos das culturas andinas, um exemplar do Livro do Mar (que resume os argumentos usados pelos bolivianos na sua luta contra o Chile por uma saída para o mar) e uma cópia de sua biografia.

Francisco, por sua vez, entregou ao presidente boliviano uma reprodução do mosaico Salus Populi Romano, cujo original está na capela da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Papst Franziskus in Bolivien
Francisco ao lado de crianças e do presidente MoralesFoto: Reuters

Nesta quinta-feira, durante a única missa que celebrou na passagem pela Bolívia, o papa Francisco criticou a lógica do consumo que, segundo ele, prevalece num mundo onde tudo é julgado em termos econômicos e de produção.

"Num coração desesperado é muito fácil que a lógica que procura prevalecer no mundo de nossos dias ganhe espaço. Uma lógica que busca transformar tudo em objeto de troca, de consumo, tudo é negociável", afirmou o pontífice em Santa Cruz de la Sierra, a maior cidade boliviana e com um baixo percentual de indígenas entre a população.

Poder da partilha

Francisco também censurou a lógica do descarte que prevalece na sociedade e lembrou que a riqueza de uma nação se dá quando "idosos conseguem transmitir a sua sabedoria e a memória do seu povo para os menores". O pontífice usou a história bíblica da multiplicação dos pães e dos peixes para reforçar o poder da partilha.

Na missa que reuniu meio milhão de fiéis vindos de várias partes do país e de outras regiões da América do Sul, o papa afirmou ainda que todos têm o dever moral de ajudar os mais pobres.

Bolivien Santa Cruz Papst Franziskus Messe
Papa critica consumismo em missa em Santa Cruz de la SierraFoto: Reuters/M. Bazo

Devido à altitude, a passagem pela Bolívia foi a mais curta da viagem de uma semana de Francisco, de 78 anos, por três dos países mais pobres da América do Sul.

Nesta quarta-feira, ele chegou a La Paz, onde foi recebido por Morales. Durante o encontro, Francisco elogiou os esforços bolivianos para a integração de minorias e as reformas sociais promovidas na região.

Nesta sexta-feira, o papa segue para o Paraguai, a última parada, antes de sua volta para o Vaticano. Estima-se que mais de um milhão de argentinos estão indo para o Paraguai para ver Francisco. A primeira etapa da viagem foi no Equador.

CN/rtr/dpa/efe