Morre Jeanne-Claude
20 de novembro de 2009A artista plástica Jeanne-Claude, que se tornou conhecida com seus projetos gigantescos ao ar livre, morreu aos 74 anos de idade nesta quinta-feira (19/11) em Nova York. A esposa do também artista plástico Christo foi vítima de um aneurisma cerebral, informou o site do casal.
Numa declaração publicada na página, Christo se disse profundamente triste pela perda da esposa, parceira e colega. Ele anunciou ainda sentir-se firmemente comprometido com a promessa que ambos se fizeram há muitos anos: "A arte de Christo e Jeanne-Claude vai prosseguir".
O casal tornou-se conhecido na Alemanha com o espetacular "empacotamento" do prédio do Reichstag em Berlim em 1995. Também a famosa ponte Neuf, sobre o rio Sena, em Paris, foi "empacotada" de forma artística pelo casal.
Obras cada vez mais excêntricas
Outros projetos extraordinários foram a megainstalação "The Gates" no Central Park de Nova York, em 2005, com 7.500 "portais" com panos de cor laranja; os três mil guarda-sóis armados na Califórnia e no Japão, ou as ilhas inteiras circundadas na Flórida com um plástico rosa flutuante.
Milhões de pessoas de todo o mundo visitaram as instalações do casal. Ele trabalhavam em dois novos projetos: a cobertura de mais de dez quilômetros de extensão do rio Arkansas, nos Estados Unidos, e o empilhamento de 400 mil barris de petróleo nos Emirados Árabes Unidos, formando uma estrutura semelhante a uma pirâmide.
"Christo sente-se compelido a concluir os trabalhos em andamento, como Jeanne-Claude teria gostado", disse o fotógrafo das obras do casal, Wolfgang Volz.
Jeanne-Claude nasceu em 15 de junho de 1935 como Jeanne-Claude Denat de Guillebon, em Casablanca, no Marrocos. Ela descendia de uma família de oficiais franceses. Seu marido, Christo, nasceu no mesmo dia na Bulgária. Ambos viviam juntos há 51 anos.
Liberdade da obra e liberdade do corpo
Ele começou sua formação profissional como assistente de vôo, antes de encontrar seu caminho na arte. Jeanne-Claude conheceu Christo em 1958 em Paris, depois de encomendar ao artista um quadro da mãe dela. Em maio de 1960, nasceu o filho do casal, Cyril, e dois anos mais tarde Christo e Jeannne-Claude se casaram. Em 1964, a família se mudou para os EUA.
Pouco antes dos primeiros encontros, Christo havia "embrulhado" seu primeiro pote de tinta, envolvendo-o com resina e tela de linho. Em seguida, amarrou-o e tratou-o com cola, areia e tinta de automóvel. A partir daí, começou a se dedicar cada vez mais a esta forma de trabalho.
Desde 1994, o casal usa oficialmente os dois nomes juntos, com direitos iguais para as suas obras. Patrocinadores e contribuições de fundos públicos foram negados por ambos os artistas, que financiaram sua arte só com a venda dos esboços.
"Nosso trabalho trata sempre de liberdade", disse certa vez Jeanne-Claude, completando: "Ela é a inimiga da posse e da durabilidade". Esta liberdade a artista também pretende manter após falecimento: segundo a agência de notícias DPA, seu corpo foi colocado à disposição da ciência.
RW/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler