Morte de jovem negro pela polícia gera protestos nos EUA
12 de abril de 2021Manifestantes entraram em confronto com policiais nos arredores da cidade americana de Mineápolis horas depois de um homem negro de 20 anos, identificado como Daunte Wright, ser morto a tiros por um policial numa abordagem policial. O incidente ocorreu a cerca de 15 quilômetros do local onde George Floyd foi morto por asfixia em maio do ano passado.
Entre 100 e 200 manifestantes foram protestar na noite de domingo (11/04) do lado de fora do departamento policial de Brooklyn Center, um subúrbio com cerca de 40 mil habitantes. Manifestantes atiraram pedras, sacos de lixo e garrafas contra os policiais, que reagiram com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Ao menos duas pessoas ficaram feridas.
Outro grupo de manifestantes invadiu cerca de 20 lojas em um shopping center regional. Alguns estabelecimentos foram saqueados, segundo relatos da polícia e da imprensa local.
O prefeito de Brooklyn Center, Mike Elliott, classificou a morte do jovem negro por um policial de trágica e pediu que ambos os lados permanecessem pacíficos. "Pedimos que os manifestantes continuem sendo pacíficos e que manifestantes pacíficos não sejam enfrentados com violência", escreveu no Twitter. O prefeito ordenou um toque de recolher até a manhã desta segunda.
Os tumultos em Brooklyn Center ocorreram horas antes de ser retomado o julgamento de Derek Chauvin, ex-policial de Mineápolis acusado de assassinar Floyd. Manifestações contra a polícia têm sido corriqueiras nos últimos dias na cidade. O julgamento de Chauvin entra em sua terceira semana em um tribunal cercado por barreiras e soldados da Guarda Nacional.
Mais um negro morto pela polícia
O jovem negro morto pela polícia no domingo foi identificado por parentes e pelo governador de Minnesota, Tim Walz, como Daunte Wright, de 20 anos. Walz afirmou estar acompanhando os tumultos e que o estado "lamenta mais uma morte de um negro por um policial".
A mãe do jovem morto, Katie Wright, disse a repórteres que recebeu uma ligação do filho na tarde de domingo dizendo que a polícia o havia parado por ter desodorizadores pendurados no espelho retrovisor, algo proibido em Minnesota, assim como outros objetos que possam prejudicar a visibilidade. Ela relatou que conseguiu ouvir um policial dizer a seu filho para sair do veículo.
"Eu ouvi uma briga, e os policiais gritaram: 'Daunte, não corra'", recordou em meio às lágrimas. A ligação caiu. Quando ela discou o número dele novamente, sua namorada atendeu e disse que ele estava morto no banco do motorista.
Em um comunicado, a polícia de Brooklyn Center afirmou que os policiais pararam um homem por uma infração de trânsito e descobriram que ele tinha um mandado de prisão pendente. Quando a polícia tentou prendê-lo, ele retornou para o carro. Um policial atirou. O suspeito dirigiu vários quarteirões antes de atingir outro veículo e morrer no local.
A polícia afirmou também que as câmeras presas aos corpos de ambos os policiais na operação estavam ligadas e gravaram o incidente. O Departamento de Apreensão Criminal do estado de Minnesota disse que abriu uma investigação.
O braço em Minnesota da União Americana pelas Liberdades Civis, uma organização não governamental cuja missão é defender direitos individuais nos EUA, disse que uma agência independente deveria investigar o caso e exigiu a liberação imediata de todos os vídeos do incidente.
A organização relatou ter "profundas preocupações de que a polícia parece ter usado desodorizadores de ar pendurados [no retrovisor] como desculpa para realizar uma abordagem com pretexto, algo que a polícia faz com muita frequência para atingir os negros".
pv/lf (rtr, ap)