Moscou expulsa diplomatas europeus por apoio a Navalny
5 de fevereiro de 2021A Rússia expulsou três diplomatas da Alemanha, Suécia e Polônia, acusando-os de participar em manifestações "não autorizadas" em apoio ao crítico do Kremlin Alexei Navalny, condenado a três anos e meio de cárcere. Não está claro que cargos o trio ocupa em suas respectivas missões diplomáticas.
O ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, declarou que "tais ações da parte [dos diplomatas] são inaceitáveis e não correspondem a seu status diplomático". O anúncio foi feito após encontro em Moscou entre Lavrov e o alto representante para Assuntos Externos da União Europeia, Josep Borrell, nesta sexta-feira (05/02).
Segundo porta-voz de Borrell, este foi informado da extradição durante a reunião. O político espanhol "condenou severamente essa decisão e repudiou as alegações que [os funcionários] estivessem exercendo atividades incompatíveis com seu status", portanto "a decisão deveria ser reconsiderada".
Devido ao tratamento a Navalny, as relações entre Moscou e a UE teriam chegado a um ponto crítico, sentenciou Borrell. Em contrapartida, Lavrov classificou o bloco europeu como um "parceiro não confiável".
Berlim promete consequências
Durante uma coletiva de imprensa em Berlim com o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, declarou: "Consideramos essas expulsões injustificadas e acreditamos ser mais uma faceta do atual afastamento do Estado de direito que observamos na Rússia".
O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, disse que o episódio prejudica ainda mais a relações entre a Rússia e a UE, e ameaçou retribuir a expulsão, pois "caso a Federação Russa não repense esse passo, ele não permanecerá sem resposta".
O Ministério polonês do Exterior convocou o embaixador russo. A Suécia rejeitou as alegações de Moscou como "totalmente infundadas", reservando a seu Ministério do Exterior "o direito de uma resposta apropriada".
Apoio popular e internacional a Navalny
As relações entre Moscou e a União Europeia estão mais tensas desde que Navalny foi detido no Aeroporto Sheremetyevo, em 17 de janeiro. O ativista de 44 anos retornava a seu país após cinco meses se recuperando na Alemanha de uma tentativa de envenenamento com o agente nervoso Novichok, que ele atribui ao Kremlin e ao serviço secreto. Autoridades russas, inclusive o próprio presidente Vladimir Putin, têm negado envolvimento no atentado.
Na última terça-feira, o oposicionista foi julgado em Moscou por suposta violação dos termos de sua liberdade condicional, num processo considerado meramente político por muito, sendo condenado a cumprir no cárcere os restantes dois anos e meio da sentença.
Manifestações em massa exigindo a libertação de Navalny e a renúncia de Putin varreram o país nos últimos dois fins de semana. Mais de 10 mil participantes dos protestos foram detidos pela polícia. Nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu que a Rússia liberte o ativista, sugerindo eventuais sanções caso isso não ocorra.
av/cn (Reuters,DPA,DW)