Multidão vai às ruas contra presidente em Seul
12 de novembro de 2016Centenas de milhares de sul-coreanos tomaram neste sábado (12/11) o centro de Seul no maior protesto da história democrática do país. Eles exigem a renúncia de sua presidente, Park Geun-hye, centro de um escândalo de corrupção e tráfico de influência.
Cerca de 220 mil pessoas estiveram presentes, segundo a polícia; um milhão, segundo os organizadores. Foi o terceiro fim de semana de protesto desde o primeiro pedido público de desculpas de Park, em 25 de outubro, pela controversa relação com uma amiga.
Choi Soon-sil, uma amiga íntima da presidente, supostamente modificou seus discursos, interveio de forma oculta em assuntos de Estado e captou fundos de forma ilícita utilizando sua influência para depois se apropriar de parte deles.
O fato de que uma desconhecida tenha tomado importantes decisões governamentais e obtido riqueza e privilégios por sua relação privilegiada com o governo levou praticamente todo o país a dar as costas à presidente.
"Park Geun-hye renuncia" foi a frase mais dita pelos manifestantes e onipresente nos cartazes, balões e bandeiras desdobrados na praça da Prefeitura e na avenida de Gwanghwamun da capital sul-coreana.
Telas gigantes, palcos, canções de protesto e também temas do gênero sul-coreano K-pop forneceram cor à manifestação que, segundo os números estimados, teria superado em magnitude uma de 2008 considerada até agora a maior em quase três décadas de democracia na Coreia do Sul.
"Eu me sinto muito triste. Sinto como se meu país tivesse se perdido, por assim dizer o fim do mundo. Quero pedir que ela renuncie porque já não é minha presidente", comentou a funcionária pública Kyuhyun Kim, de 35 anos, durante o protesto.
Após duas primeiras manifestações nas semanas passadas, os partidos da oposição e até 1.500 organizações civis se coordenaram para organizar o protesto em massa deste sábado, com o objetivo de aumentar a pressão sobre a chefe de Estado.
O êxito da convocação reforça o número cada vez maior de vozes que pede a renúncia de Park, cujo nível de popularidade caiu nas últimas pesquisas para 5%, o mais baixo de um líder sul-coreano na história.
Em uma tentativa de aplacar as críticas, a presidente nomeou nas passadas semanas um primeiro-ministro próximo à oposição, mas os deputados bloquearam o movimento, e ela foi obrigada a deixar a decisão nas mãos do Parlamento e renunciar a seus poderes em favor do futuro premiê.
A amiga da presidente, por sua vez, permanece detida enquanto avança a investigação sobre o caso.
RPR/efe/rtr