Mundo hesita
24 de fevereiro de 2011Por enquanto, a indignação internacional contra a repressão comandada por Muammar Kadafi não passou do nível verbal. Na noite desta quarta-feira (23/02), o presidente norte-americano, Barack Obama, se pronunciou oficialmente pela primeira vez.
Em Washington, Obama prometeu implementar "uma série de opções" para conter a matança "ultrajante". Em um pronunciamento televisivo, o líder norte-americano convocou a comunidade internacional a falar com uma só voz.
"Igualmente ultrajantes e inaceitáveis são as ameaças e as ordens de atirar em manifestantes pacíficos, bem como as punições aos cidadãos da Líbia. Tais ações violam normas internacionais e todos os padrões de decência. Essa violência precisa parar", apelou Obama.
Apesar de se referir à situação líbia, o presidente norte-americano não fez referência direta ao líder Kadafi, que governa o país africano há mais de quatro décadas e desafia frequentemente os Estados Unidos.
"Nos últimos dias, minha equipe de segurança nacional esteve trabalhando 24 horas por dia para monitorar a situação [na Líbia] e coordenar com nossos parceiros internacionais um caminho conjunto a ser seguido", garantiu Obama.
No entanto, autoridades americanas temem que uma retórica mais agressiva contra Kadafi poderia deixar os norte-americanos numa situação ainda mais periclitante que a dos demais países, levando em consideração o complicado passado recente entre Washington e Trípoli.
Por todos os lados
A União Europeia (UE) ainda não anunciou concretamente como responderá às notícias de massacre provenientes da Líbia. Seus países-membros discutem a possibilidade de impor sanções, como o congelamento de fundos que a família de Kadafi e seus aliados mantêm no exterior.
Nesta quinta-feira (24/02), os ministros do Interior da UE estão reunidos para debater estratégias de como lidar com o fluxo de refugiados provenientes dos países africanos em crise. Segundo o ministro italiano, Roberto Maroni, a Itália estaria prestes a receber uma onda sem precedentes de refugiados, com até um milhão de pessoas rumando para o país. A estimativa foi confirmada pela agência europeia de fronteiras Frontex.
"Nós estamos diante de uma catástrofe humanitária", alertou, acrescentando que a União Europeia precisa tomar medidas urgentes nesse sentido. A Itália já teria recebido mais de 6 mil refugiados tunisianos nas últimas semanas.
"Mas o problema não é a Tunísia, e sim a Líbia", argumentou Maroni. Segundo o ministro, a organização terrorista Al Qaeda já garantiu seu apoio aos manifestantes líbios na luta contra Kadafi e a União Europeia deveria exercer um papel mais decisivo no processo de estabilização da região, defendeu.
Governos internacionais buscam resgate
Atualmente, governos de vários países buscam retirar seus cidadãos da Líbia com a ajuda de balsas, aviões e navios. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil ainda negocia o resgate de 183 brasileiros que estão em Benghazi. Funcionários da construtora Queiroz Galvão devem ser retirados ainda nesta quinta-feira, num navio contratado pela empresa.
Em visita aos Estados Unidos, o ministro brasileiro Antônio Patriota manifestou sua solidariedade à população líbia e classificou a situação como "muito preocupante".
NP/dpa/afp/rts/dapd
Revisão: Rodrigo Rimon