Mundo tem menos armas nucleares, mas mais modernas
15 de junho de 2015O número de ogivas nucleares em todo o mundo continua diminuindo, mas isso não significa que os países estejam se movendo rumo a um futuro livre de armas nucleares, afirmou o Instituto de Pesquisa Internacional da Paz de Estocolmo (Sipri) em seu relatório anual divulgado nesta segunda-feira (15/06).
Em vez disso, todos os Estados com armas nucleares estão adotando medidas para consolidar ou modernizar seus arsenais. "Em termos práticos, estamos vendo um mundo com menos armas, mas mais modernas", disse o pesquisador Shannon Kile, do Sipri.
Segundo o relatório do Sipri, no início de 2015 havia estimadas 15.850 armas nucleares em nove países: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. Isso é cerca de 500 ogivas a menos do que o instituto sueco havia registrado em 2014.
O declínio se deve principalmente às duas maiores potências nucleares do mundo, a Rússia e os Estados Unidos, que juntas detêm 90% do arsenal mundial. Ambas se livraram de armas obsoletas e, desde o fim da Guerra Fria, reduziram seus arsenais por meio de tratados de desarmamento.
De acordo com o relatório do Sipri, a Rússia cortou o seu arsenal de 8.000 para 7.500 desde o início de 2014, enquanto o número de armas nucleares dos EUA diminuiu de 7.300 para 7.260. O relatório também observou que o ritmo desta redução está diminuindo.
Mas, apesar da tendência de queda, os dois países também iniciaram programas de bilhões de dólares para atualizar seus sistemas nucleares.
O relatório afirma ainda que, do total de ogivas nucleares existentes, 4.300 estão a postos e cerca de 1.800 encontram-se em estado de alerta operacional. Em 2010, esse número era de 22.600, das quais 7.650 operacionais, segundo o Sipri.
Ásia
A China também está modernizando seu arsenal nuclear. De acordo com o relatório, o número delas aumentou de 250 para 260 no ano passado.
Uma tendência ainda mais preocupante, diz Kile, é a expansão da capacidade nuclear da Índia e do Paquistão. Os dois rivais do sul da Ásia estão elevando sua capacidade de produzir material físsil, usado para fazer armas nucleares, e poderiam "duplicar ou mesmo triplicar o tamanho do arsenal existente ao longo dos próximos 10 a 15 anos", diz Kile.
Esses desenvolvimentos têm criado preocupações com uma possível corrida nuclear na região, bem como o risco de ogivas nucleares serem usadas em conflitos militares.
Índia e Paquistão não são signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que tem o desarmamento como seu principal objetivo.
AS/dw/lusa