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Copa 2014

28 de julho de 2010

Em conversa com a imprensa internacional, ministro brasileiro do Esporte diz que mundo se surpreenderá com o Brasil em 2014. Preparativos são marcados pela atuação de empresas alemãs e pela experiência da Copa de 2006.

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Logo oficial: o caminho para a Copa de 2014Foto: picture-alliance/dpa

O Brasil começa a sentir a pressão implacável sobre o planejamento para receber a Copa de 2014. E para que as impressões transmitidas além das fronteiras do país sejam as melhores possíveis, o ministro do Esporte, Orlando Silva, falou com exclusividade à imprensa internacional. "Acredito que o mundo vai se surpreender com o país que descobrirá em 2014", assegurou Silva.

Mas até lá há muito trabalho a ser executado. As cifras divulgadas pelo governo federal dão a dimensão do canteiro de obras que deve tomar conta das 12 cidades-sede: serão investidos 6,1 bilhões de dólares em infraestrutura de transporte urbano, 3,1 bilhões em aeroportos e 420 milhões de dólares em portos – apenas pela iniciativa do governo federal.

O país estipulou um plano que esclarece a responsabilidade das administrações municipais e estaduais, e um comitê federal vai inspecionar os trabalhos espalhados pelo país. Orlando Silva justifica a avalanche de recursos: "São investimentos que o Brasil faria mais cedo ou mais tarde, que serão antecipados. Investimentos que são importantes não só para o evento, mas também para o nosso povo".

Luiz Inacio Lula da Silva
Lula e Joseph Blatter em 2007Foto: AP

Ganhos para todos os lados

Embalados pelas oportunidades que o evento esportivo no Brasil proporciona, empresas europeias – principalmente alemãs – estão de olhos nos ganhos. E a participação da Alemanha já é notável desde 2008, ano em que a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e a Confederação da Indústria Alemã (BDI) iniciaram uma cooperação para aproveitar a experiência alemã na Copa de 2006.

A parceria rendeu um estudo sobre todas as instalações de infraestrutura necessárias para abrigar o evento, que foi entregue às autoridades das cidades envolvidas. E há iniciativas concretas em andamento, como a WinWin 2014/16, que apresenta aos empresários alemães as oportunidades de investimentos geradas pela Copa e Olimpíadas em 2016.

"Eu estive na Alemanha e vi uma Copa maravilhosa. O Mundial de 2006 na Alemanha é uma grande inspiração para o Brasil. Sobretudo para aproveitar a oportunidade de investir em infraestrutura. Recebemos duas missões de governo e empresários alemães aqui no Brasil. E tenho notícias de associações de empresários alemães e brasileiros para a construção de estádios e a oferta de equipamentos de segurança", respondeu o ministro à Deutsche Welle.

Silva ainda destacou que há uma especialidade alemã que pode servir de modelo: a sustentabilidade ambiental na construção dos estádios. Pelo menos uma empresa já está escalada para contribuir nesse quesito no Mundial de 2014 – o escritório de arquitetura GMP, de Hamburgo, vai construir pelo menos três arenas esportivas.

Deutsch-brasilianische Wirtschaftstage 2010 in München
Ralf Amman, gerente da GMPFoto: Roselaine Wandscheer

Tática: evitar o conflito

Questionado sobre lições de possíveis erros cometidos pelos africanos a serem evitados pelo Brasil, Orlando Silva rebateu: "Falemos de boas experiências. A África surpreendeu o mundo com estádios maravilhosos (...). A África ficou isolada do mundo muitos anos por causa do apartheid. O Mundial da Fifa na África do Sul foi a reconciliação daquele país com a comunidade internacional, definitivamente".

A Fifa acompanhará o andamento dos projetos a partir de setembro diretamente do Brasil. Alguns impasses entre o governo federal e a federação internacional de futebol já geraram troca de farpas, mas o ministro destaca o bom relacionamento entre as partes – apesar de admitir pontos sensíveis. Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, havia criticado atrasos no cronograma da Copa no Brasil.

"Eles vão conhecer a realidade mais de perto e vão se surpreender com o Brasil. Mas é claro que a Fifa terá que fazer a sua parte. Os estádios, por exemplo, apenas em maio passado tiveram seus projetos aprovados. E não se pode começar um estádio sem projeto aprovado", apontou Silva, que tenta relativizar a polêmica: "Mas são apenas detalhes".

Detalhes que ainda emperram a definição do estádio que fará a abertura da Copa, por exemplo. São Paulo, a maior cidade do país, ainda não sabe como será sua participação no evento.

Atento para que a problemática envolvendo a metrópole não vire termômetro para a comunidade internacional medir a capacidade do Brasil na preparação do Mundial, o ministro destaca: "O sucesso de 2014 é um problema particularmente do Brasil. O mundo inteiro encontrará não apenas uma boa estrutura, bons estádios e bons serviços em 2014. O mundo encontrará aqui um povo que adora fazer amigos e receber gente de tantas nações".

Autora: Nádia Pontes

Revisão: Roselaine Wandscheer