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Retrospectiva

19 de agosto de 2009

As obras da artista, que além de escultora trabalha também com filme e fotografia, questionam, entre outros, o consumo, a onipresença da mídia e a violência na atualidade.

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Escultura 'X', exposta no Museu Ludwig, em ColôniaFoto: picture alliance/dpa

Quem quiser conhecer a obra mais contundente de Isa Genzken deveria, primeiro, deixar de lado a atual retrospectiva de sua obra no Museu Ludwig, de Colônia, para dar um pulo até o acervo permanente do mesmo museu.

Ausstellung Isa Genzken Museum Ludwig
'Kinder filmen': questionando o consumo e a violênciaFoto: Isa Genzken

É ali que está exposta a instalação Kinder filmen (Filmar crianças, de 2005), composta por bonecas, sombrinhas estragadas e móveis desarrumados. Uma obra que abre questões relacionadas ao consumo da mídia, à maturidade e à violência, e na qual Genzken remete à sátira Caprichos, de Goya (1746-1828), ou ao macabro pop de Ed Kienholz (1927-1994).

A partir daí, vale a pena adentrar o reino da artista em Abre-te Sésamo – título da retrospectiva recém-inaugurada no Museu Ludwig. A mostra, cujo nome é uma referência às fábulas de As Mil e Uma Noites, inclui 60 trabalhos de Genzken criados no decorrer de 35 anos.

Excessos de kitsch

Nestas mais de três décadas, a artista (que é ex-mulher do conceituado Gerhard Richter) representou a Alemanha na Bienal de Veneza de 2007, participou de diversas documentas em Kassel e também do Skulptur Projekte (Projetos de Escultura) de Münster em 2007.

15.08.2009 DW-TV Kultur.21 Isa Genzken Spielautomat
'Spielautomat': sucata reunida

Genzken transita entre o minimalismo, a concept art e um kitsch produzido com cores berrantes, restos de plástico, objetos cotidianos e sucata. Seu universo é, de qualquer forma, permeado por boas doses de humor negro. A instalação carnavalesca Strassenfest (Festa de Rua), por exemplo, é um amontoado de bonecas "bêbadas" e "jogadas", com uma cadeira de rodas ao lado.

"O abismo e a festa estão intimamente ligados. As figuras [nesta instalação] estão maquiadas, acontece uma festa. Mas o abismo, dentro da festa, está sempre muito próximo. Ele não está oculto, mas é exposto da mesma forma que o prazer. Ali está uma pessoa deitada e não se sabe o que está acontecendo com ela", explica a curadora Nina Gülicher.

Diálogo com a arquitetura

Na atual retrospectiva, suas obras foram expostas propositalmente fora da ordem cronológica, embora haja alguns "fios condutores" ligando os trabalhos da artista.

Ausstellung Isa Genzken Museum Ludwig
'Fuck the Bauhaus': ironia frente aos ideais da arquitetura modernaFoto: Isa Genzken

Um deles é seu diálogo com a arquitetura, perceptível em trabalhos mais antigos: objetos de concreto (em Marcel, de 1987, por exemplo) que, posicionados como monumentos, se confrontam com o Moderno clássico. Ou Fuck the Bauhaus. New Buildings for New York, uma obra composta de embalagens de papelão de pizza, plexiglas, madeira e carrinhos de brinquedo – numa clara ironia frente às utopias do Modernismo.

O espelho, que faz com que o observador se torne ocasionalmente parte da obra, sempre aparece. "O espelho, com o qual somos permanentemente confrontados, é o reflexo daquilo que realmente é, mas que, sob outros pontos de vista, pode ser revisto e transformado", comenta Kasper König, diretor do Museu Ludwig, que abriga a retrospectiva de Isa Genzken.

Não importa se em sua fase minimalista anterior ou com seus trabalhos apocalípticos: a obra da artista, hoje radicada em Berlim, tem seu lugar garantido entre os principais artistas alemães contemporâneos.

SV/dw/dpa

Revisão: Rodrigo Rimon