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México tem boas cartas na disputa por mais investimentos alemães

(ns)12 de fevereiro de 2002

Vicente Fox, o presidente do México, considera seu país "o melhor lugar do mundo para se investir". O premiê Gerhard Schröder iniciou no México sua visita à América Latina, de onde irá para o Brasil e a Argentina.

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Chegando ao México, o premiê Gerhard Schröder conversa com o ministro do Exterior, Jorge Castañeda.Foto: AP

O presidente do México, Vicente Fox, vê boas chances de negócios para as empresas alemãs no seu país. As possibilidades do acordo de livre comércio entre a União Européia e o México, que entrou em vigor em 2000, ainda não foram bem exploradas, disse Fox, pouco antes de receber o chanceler federal alemão. Gerhard Schröder iniciou na Cidade do México sua viagem à América Latina, e visitará, a seguir, o Brasil e a Argentina. Ampliar as relações econômicas da Alemanha com a região, que não recebeu muitos investimentos alemães nos últimos anos, é o principal propósito da visita do chefe de governo. Schröder viaja acompanhado de uma numerosa delegação de empresários.

Acordos comerciais com a UE e os EUA

- Da parte do México, o acordo com a UE também representa uma chance de diminuir a dependência excessiva dos Estados Unidos. Com o Nafta, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o México passou a realizar 80% do seu comércio exterior com os EUA. Fox acredita que o comércio com a Europa dos quinze poderá elevar-se também a um nível comparável ao da América do Norte, se houver, de fato, vontade política e não foram poupados esforços.

No primeiro ano de vigência do acordo com a União Européia, o comércio bilateral aumentou 18,5%, apesar do desaquecimento mundial, revelou o presidente mexicano à agência alemã DPA. Fox caracterizou o México como "o melhor lugar do mundo para se investir", por ser o único país que já fechou acordos de livre comércio com a América do Norte e a Europa. Quem produz no México pode exportar para os Estados Unidos sem pagar taxas aduaneiras.

México interessa às empresas alemãs por acesso ao mercado americano

E esse é um argumento que convence os alemães. Para grandes empresas como a Volkswagen, Siemens, Bayer ou BASF, a proximidade do mercado norte-americano é uma vantagem decisiva. A Volkswagen tem vendido muito bem nos EUA e espera também no México um aumento da demanda. A Bayer e a BASF vêem como outro aspecto positivo a política econômica e tecnológica do governo Fox e o excelente tratamento dispensado às empresas estrangeiras.

No momento, já existem mais de 700 empresas alemãs no México. Conforme declarou nesta segunda-feira (11), durante almoço com o presidente mexicano, Schröder tem certeza que este número crescerá. Segundo ele, nos últimos tempos a Europa vem acompanhando "com respeito" o processo de reforma e a continuada abertura de mercado naquele país. Ambos processos "caminham lado a lado com a ascensão do México a uma posição de liderança entre as principais nações exportadoras do mundo. O premiê prometeu empenhar-se em especial pela presença do médio empresariado alemão na México.

Vantagens pesam mais do que os senões

- Entre as desvantagens do México no mercado internacional está a valorização do peso, que é a moeda mais forte em relação ao dólar. No último ano, o peso valorizou-se 5% em relação ao dólar e 10% em relação ao euro. Isso não é bom para as firmas voltadas para a exportação. Os custos salariais também aumentaram bastante no México. A mão-de-obra não qualificada ganha menos do que nos países industrializados, mas os salários para executivos e certos especialistas são mais elevados do que na Europa.

Os dados macroeconômicos do México convencem. A inflação é baixa (4,4% em 2001), os investimentos diretos são altos. A dívida externa de 85 bilhões de dólares não é um problema e, com reservas de divisas superiores a 40 bilhões de dólares, o México é um porto seguro no mar agitado da América Latina. O governo conta com um crescimento econômico de 1,7% este ano. O déficit orçamentário não passou de 0,65% do PIB, o que, segundo o presidente, é uma lição da crise econômica de seis anos atrás.

Rating

- Como se tantos dados positivos não bastassem, dias antes da chegada do chanceler federal alemão, a agência de rating Standard & Poor's promovera o México a uma categoria superior no tocante à credibilidade. Isso significa que o país pode contrair créditos a boas condições. O investmentgrade da agência é um importante sinal psicológico a investidores em potencial.

A outra desvantagem do México, uma aliás que ele comparte com o Brasil e a Colômbia, é o alto índice de criminalidade, especialmente de seqüestros, um dado que preocupa a iniciativa privada alemã. Seja como for, as empresas alemãs já parecem decididas a reforçar sua presença no país. A BASF, por exemplo, vai ampliar sua fábrica de fibras sintéticas do Golfo do México, investindo 200 milhões de dólares. E a Bayer pretende triplicar a produção de medicamentos até o início de 2003.