México tem boas cartas na disputa por mais investimentos alemães
12 de fevereiro de 2002O presidente do México, Vicente Fox, vê boas chances de negócios para as empresas alemãs no seu país. As possibilidades do acordo de livre comércio entre a União Européia e o México, que entrou em vigor em 2000, ainda não foram bem exploradas, disse Fox, pouco antes de receber o chanceler federal alemão. Gerhard Schröder iniciou na Cidade do México sua viagem à América Latina, e visitará, a seguir, o Brasil e a Argentina. Ampliar as relações econômicas da Alemanha com a região, que não recebeu muitos investimentos alemães nos últimos anos, é o principal propósito da visita do chefe de governo. Schröder viaja acompanhado de uma numerosa delegação de empresários.
Acordos comerciais com a UE e os EUA
- Da parte do México, o acordo com a UE também representa uma chance de diminuir a dependência excessiva dos Estados Unidos. Com o Nafta, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o México passou a realizar 80% do seu comércio exterior com os EUA. Fox acredita que o comércio com a Europa dos quinze poderá elevar-se também a um nível comparável ao da América do Norte, se houver, de fato, vontade política e não foram poupados esforços.No primeiro ano de vigência do acordo com a União Européia, o comércio bilateral aumentou 18,5%, apesar do desaquecimento mundial, revelou o presidente mexicano à agência alemã DPA. Fox caracterizou o México como "o melhor lugar do mundo para se investir", por ser o único país que já fechou acordos de livre comércio com a América do Norte e a Europa. Quem produz no México pode exportar para os Estados Unidos sem pagar taxas aduaneiras.
México interessa às empresas alemãs por acesso ao mercado americano
E esse é um argumento que convence os alemães. Para grandes empresas como a Volkswagen, Siemens, Bayer ou BASF, a proximidade do mercado norte-americano é uma vantagem decisiva. A Volkswagen tem vendido muito bem nos EUA e espera também no México um aumento da demanda. A Bayer e a BASF vêem como outro aspecto positivo a política econômica e tecnológica do governo Fox e o excelente tratamento dispensado às empresas estrangeiras.
No momento, já existem mais de 700 empresas alemãs no México. Conforme declarou nesta segunda-feira (11), durante almoço com o presidente mexicano, Schröder tem certeza que este número crescerá. Segundo ele, nos últimos tempos a Europa vem acompanhando "com respeito" o processo de reforma e a continuada abertura de mercado naquele país. Ambos processos "caminham lado a lado com a ascensão do México a uma posição de liderança entre as principais nações exportadoras do mundo. O premiê prometeu empenhar-se em especial pela presença do médio empresariado alemão na México.
Vantagens pesam mais do que os senões
- Entre as desvantagens do México no mercado internacional está a valorização do peso, que é a moeda mais forte em relação ao dólar. No último ano, o peso valorizou-se 5% em relação ao dólar e 10% em relação ao euro. Isso não é bom para as firmas voltadas para a exportação. Os custos salariais também aumentaram bastante no México. A mão-de-obra não qualificada ganha menos do que nos países industrializados, mas os salários para executivos e certos especialistas são mais elevados do que na Europa.Os dados macroeconômicos do México convencem. A inflação é baixa (4,4% em 2001), os investimentos diretos são altos. A dívida externa de 85 bilhões de dólares não é um problema e, com reservas de divisas superiores a 40 bilhões de dólares, o México é um porto seguro no mar agitado da América Latina. O governo conta com um crescimento econômico de 1,7% este ano. O déficit orçamentário não passou de 0,65% do PIB, o que, segundo o presidente, é uma lição da crise econômica de seis anos atrás.
Rating
- Como se tantos dados positivos não bastassem, dias antes da chegada do chanceler federal alemão, a agência de rating Standard & Poor's promovera o México a uma categoria superior no tocante à credibilidade. Isso significa que o país pode contrair créditos a boas condições. O investmentgrade da agência é um importante sinal psicológico a investidores em potencial.A outra desvantagem do México, uma aliás que ele comparte com o Brasil e a Colômbia, é o alto índice de criminalidade, especialmente de seqüestros, um dado que preocupa a iniciativa privada alemã. Seja como for, as empresas alemãs já parecem decididas a reforçar sua presença no país. A BASF, por exemplo, vai ampliar sua fábrica de fibras sintéticas do Golfo do México, investindo 200 milhões de dólares. E a Bayer pretende triplicar a produção de medicamentos até o início de 2003.