Música no bolso
3 de fevereiro de 2004A indústria fonográfica alemã anda em baixa. Uma olhadela no volume de negócios realizados em 2003 é suficiente para constatar que o mercado vai de mal a pior. No ano passado, a queda no faturamento foi de 20%. Uma das principais causas deste retrocesso é a cópia pirata, uma vez que o lucro das vendas não é repassado nem para o músico, nem para as produtoras.
Diante do atual pessimismo, o setor precisa urgentemente de novas idéias de negócios. E neste contexto o toque musical para celular é um grande e lucrativo filão. O curioso é que a necessidade de possuir toques musicais diferenciados nos celulares não surgiu através de uma jogada de marketing da indústria fonográfica mas sim de um puro e simples modismo jovem, que veio para ficar.
Na Inglaterra, por exemplo, a comercialização de toques musicais em 2003 faturou mais de 102 milhões de euros. Em comparação com o ano de 2002 (58,5 milhões de euros), o faturamento quase duplicou. Para 2004, a expectativa é de que as vendas continuem de vento em popa. Já existem casos, inclusive, de melodias serem mais vendidas no formato de toque musical do que na versão original em CD.
Negócio lucrativo
Os toques musicais disponíveis no mercado são versões mono de um sucesso atual ou do passado, adequadas para o celular. Tais músicas podem ser baixadas pela internet ou encomendados via SMS. Como o custo por cada toque não é alto, isto provoca um troca-troca com relativa rapidez, tão logo o proprietário do celular se canse do som.
Para alegria das gravadoras e das operadoras de telefonia, este mercado também está se revelando cada vez mais lucrativo na Alemanha. "A música na telefonia móvel é um setor em rápido e vantajoso desenvolvimento", revelou Bettina Donges, porta-voz da Vodafone alemã.
As empresas de telefonia e informática detêm o mercado por possuírem a tecnologia necessária. Muitos toques musicais são comercializados nas páginas da internet, em sites como bravo.de ou yamba.de. Dentre as operadoras, as mais procuradas são T-Mobile e Vodafone.
Yamba.de se considera o maior fornecedor de toques musicais via internet. "No ano passado, vendemos 10 milhões de toques musicais. Em comparação com o ano anterior, representa um aumento de 300%", disse o porta-voz da empresa, Tilo Bonow. A Yamba.de cobra em média 1,99 euro por toque musical. Desde valor, 30% são repassados para a indústria fonográfica e outros 30% para a operadora telefônica.
Inovações à vista
Ao contrário da Yamba.de, as demais empresas do ramo não divulgam seus volumes de negócios. Neste setor, o silêncio vale ouro, especialmente quando todos querem estar à frente da concorrência.
A T-Mobile, por exemplo, assinou recentemente um acordo com a Universal Music, um departamento da Universal Music International que tem contratos com artistas e grupos de sucesso, como U2, Shaggy, Zucchero e a Orquestra Filarmônica de Berlim.
Ambas as empresas almejam lançar no mercado ainda este ano um toque musical aprimorado. Ao contrário das atuais versões mono, o toque reproduz a versão original da música, tal e qual é tocada nas rádios e CDs. Para os jovens, esta será com certeza uma oferta irresistível. Para o mercado, a chance de vender ainda mais.