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Na Alemanha, vitória expressiva de Lula no primeiro turno

Rayanne Azevedo de Berlim | Luisa Frey | Renate Krieger
2 de outubro de 2022

Candidato do PT foi o mais votado nos cinco locais de votação espalhados pelo país europeu, obtendo quase 70% dos votos válidos, contra 18,7% de Bolsonaro.

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Fila para votar em Berlim
Votação em Berlim foi marcada por longas filasFoto: Adriana Seguro/DW

Os eleitores brasileiros que votaram na Alemanha mostraram uma preferência clara: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu com 69,2% dos votos válidos (11.561), contra 18,7% (3.116) do postulante à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Na capital alemã, Berlim, Lula recebeu 4.502 votos, o equivalente a 81,9% do total de votos válidos. Já o atual mandatário brasileiro, Bolsonaro, ficou com 9,4%, totalizando 518 votos.

Ciro Gomes (PDT) ficou em terceiro lugar em Berlim, com 3,8% do total de votos válidos. Ele recebeu 212 votos. Com 161 votos, Simone Tebet (MDB) ficou em quarto, com 2,9% dos votos válidos.  

Lula também ficou em primeiro lugar nos outros quatro locais de votação espalhados pela Alemanha: Frankfurt, Munique, Colônia e Hamburgo.

Em Frankfurt, o petista obteve 1.766 votos. Bolsonaro ficou em segundo, com 795 votos. Simone Tebet obteve 171, e Ciro, 158 votos.

Em Colônia, localizada no estado mais populoso do país, a Renânia do Norte-Vestfália, Lula recebeu 1.377 votos, contra 325 de Bolsonaro, 102 de Simone Tebet, e 89 de Ciro.

Em Hamburgo, no norte do país, Lula obteve 897 votos, contra 237 de Bolsonaro, 63 de Ciro, e 49 de Simone Tebet.

Em Munique, Lula obteve 3.019 votos, contra 1.241 de Bolsonaro, 330 de Ciro e 288 de Simone Tebet.

Em 2018, foi Bolsonaro, então no PSL, quem obteve a maior votação na Alemanha no primeiro turno. Ele fechou com um total de 2.887 votos. Em segundo lugar, ficou Ciro Gomes (PDT), com 2.150. Fernando Haddad (PT) apareceu em terceiro, com 1.435. Já no segundo turno, o PT saiu vencedor, com 56% dos votos para Haddad, contra 44% para Bolsonaro.

Longas filas

A eleição na Alemanha foi marcada por longas filas para votar no frio do outono europeu, com relatos de três horas de espera. Houve distribuição de senhas a partir das 17h locais em cidades como a capital Berlim e Colônia, no oeste do país, devido à grande afluência de eleitores.

Mais de 697 mil eleitores estão aptos a votar fora do Brasil, 39,21% a mais do que nas eleições de 2018. A Alemanha é um dos maiores colégios eleitorais na Europa neste ano, ao lado de Portugal, Reino Unido, Itália, Espanha, Suíça, França, Irlanda, Holanda e Bélgica.

As longas filas refletiram o aumento do número de eleitores na Alemanha. Em Colônia, por exemplo, mais de 5 mil pessoas estavam aptas a votar, segundo informações obtidas informalmente pela DW Brasil – um salto considerável dos 1.236 eleitores cadastrados para a última eleição, em 2018.

Em Berlim, segundo cálculos da DW, 9 mil eleitores estavam aptos a votar este ano. O número representa um acréscimo de quase 60% em relação aos eleitores registrados em 2018 (5.647).

Em Hamburgo, a DW Brasil apurou que a votação estava organizada em quatro filas distintas, uma para cada par de seções, com filas que raramente passavam de dez pessoas do lado de fora e dez do lado de dentro e fluxo intenso de eleitores.

Fila para votar em Colônia
Em Colônia, mais de 5 mil pessoas estavam aptas a votar, segundo informações obtidas informalmente pela DW Brasil – um salto considerável dos 1.236 eleitores cadastrados para a última eleição, em 2018.Foto: Erika Kokay/DW

Confusão, filas e senhas em Berlim

Em Berlim, muitos eleitores sentiram falta de uma orientação mais precisa sobre em que seção votar – e em que fila ficar.

Erci Sales Dotta, de 62 anos, esperou durante 15 minutos numa fila que pensou que fosse única, mas depois percebeu que havia três filas diferentes. "Aqui ela fica dupla, depois ela fica tripla, e lá atrás só tinha essa fila. Acho que todo mundo chegou e foi ficando nessa fila, sem saber se estava certo ou errado porque não tinha ninguém orientando nada."

Há um ano na Alemanha, Erci vota pela primeira vez no exterior. "Esteja onde estiver, vou continuar votando, porque a gente é brasileiro", ri. "Você muda de país, mas você continua sendo brasileiro e, se você ama o seu país, você vai continuar querendo o melhor para ele. E o melhor para o Brasil é tirar realmente esse governo das trevas. Eu tinha que cumprir essa obrigação moral que eu tenho com o meu país", explica.

Eleitora em Berlim
"Você muda de país, mas você continua sendo brasileiro e, se você ama o seu país, você vai continuar querendo o melhor para ele", disse a eleitora Erci Sales Dota Foto: Rayanne Azevedo/DW

O aeronauta Marcelo Dota, 52, saiu do Brasil há 22 anos e mora em na capital alemã há 10. Ficou uma hora e meia na fila e considera que a votação deste domingo foi mais demorada e complicada do que em 2018, apesar de o processo de votação ter transcorrido de forma calma. "Da última vez, demorei no máximo meia hora. Dessa vez, fiquei chocado quando cheguei. Parece que toda a Alemanha veio para Berlim para votar. Não é o caso, mas parece que o povo dessa vez está realmente decidido a mudar".

"É importante votar, é constitucional, é uma obrigação de cada cidadão. Sempre lamentei as vezes que não pude votar."

"Deixar de votar é trágico"

O publicitário Reynaldo Gomes da Silva esperava acompanhado de três amigos e vota no exterior pela quarta vez. "É importante votar, exercer a cidadania do seu país fora do seu país", explicou à DW Brasil. "É importante ter um olhar, mesmo você estando fora do seu país, você ter uma preocupação com as pessoas que estão lá, família, amigos, o povo, a gente. Deixar de votar é trágico", continuou.

eleitor Reynaldo Gomes da Silva em Berlim
Para o eleitor Reynaldo Gomes da Silva, "é importante votar, exercer a cidadania do seu país fora do seu país"Foto: Rayanne Azevedo/DW

Carol Lima, de 32, mora em Berlim há 10 anos e considera votar "um ato de simbolismo", já que só se vota para presidente no exterior.

"Para quem mora fora, é sempre muito difícil se relacionar com a realidade no Brasil. Sempre ouvimos 'ah, você não mora aqui, você não tem o que falar', mas é justamente o contrário. Essa realidade afeta a gente direta ou indiretamente, seja por relações, seja por criar perspectivas futuras de uma eventual volta, ou mesmo estando aqui – políticas internacionais, culturais, afetam igualmente as pessoas que moram no território nacional ou não", avalia Julian Correia de Aquino, 32.

"Esse voto para mim, nessa eleição, especificamente, especialmente com esse acirramento tão pequeno na margem de votos é aquela máxima: cada voto conta", explica.