Na pista genética dos criminosos
8 de abril de 2003Um homem de 45 anos está sendo julgado em Kassel pelo homicídio de uma menina de 15 anos. O réu confessou e contou como cometeu o crime. Não espontaneamente. Ele só admitiu ser o assassino após ter sido flagrado por um exame de DNA, que comparou o código genético de esperma encontrado na roupa da vítima e em amostras colhidas de 138 suspeitos. "Desde então, só me restou esperar pelo dia em que a polícia me buscaria", disse.
O crime cometido em Bad Hersfeld era daqueles que aparentemente estava fadado a mofar nos arquivos. Apesar das 283 pistas reunidas no inquérito, os detetives levaram 26 anos para desvendar o crime. Na época, o assassino tinha apenas 19 anos. Irritado por não encontrar um amigo em casa, foi descarregar sua ira batendo com uma pá em arbustos. Tímido, teria ficado com medo de a menina tê-lo visto chorar, quando passou por perto. Seguiu-a e a golpeou fatalmente com a pá. Depois, arrastou o corpo e tentou violentá-lo.
Método eficiente e confiável
Assim como este crime, outros vêm sendo desengavetados e solucionados pelas autoridades alemãs. Desde a criação do polêmico Banco de Dados Genéticos, em abril de 1998, as informações nele armazenadas comprovaram ser um eficiente auxílio em milhares de investigações criminais. Segundo o ministro do Interior, Otto Schily, vários casos jamais teriam sido resolvidos sem a análise de DNA. A alta confiabilidade e precisão do método estariam ainda colaborando para coibir a reincidência.
Das 9,6 mil consultas que recebeu, o banco ajudou concretamente a polícia a identificar uma pessoa em quase 6,6 mil casos. Somente no ano passado, os investigadores solucionaram 66 homicídios, 135 crimes sexuais e mais de três mil roubos com o cruzamento das informações genéticas de suspeitos, de pistas e do Banco de DNA. Cerca de 36,5 mil pistas genéticas não identificadas pela polícia e mais de 225 mil "impressões genéticas" de criminosos já estão registradas na instituição. Todos os dias somam-se mais 7 mil.
Ampliar é preciso
Otto Schily está entusiasmado com o resultado e quer ampliar ainda mais o leque de criminosos fichados no banco. "Seu sucesso depende da quantidade de dados armazenados", afirma o ministro do Interior. Para alargar o espectro de criminosos a terem seu DNA arquivado, seria preciso reduzir os pré-requisitos legais. Num país em que o sigilo de informações individuais é considerado um direito fundamental, a iniciativa é delicada. O Ministério da Justiça já está estudando os limites legais e constitucionais.
O ministro do Interior deseja também interligar em rede os bancos de dados genéticos dos países da União Européia. Quase todos já criaram o seu. No combate ao crime internacional, Schily reivindica maior intercâmbio de informações. "Sou a favor de usar a análise de DNA de forma tão abrangente quanto ela possa servir à investigação criminal", defende o advogado.