Na rota da "Viagem italiana", de Goethe
De 1786 a 1788, Johann Wolfgang von Goethe realizou um sonho: viajar pela Itália. E usou até nome falso. Seu diário "Viagem italiana" virou bestseller. Ainda hoje, turistas seguem a "rota de Goethe" pela Itália.
Passo do Brennero
Dos quatro pontos de passagem através dos Alpes, Goethe usou o Passo do Brennero. Numa diligência dos correios, ele foi de Munique, por Innsbruck, até o Passo. A aventura durou dois dias. Hoje, sem engarrafamento, a viagem dura 2,5 horas. Aos 37 anos, Goethe queria liberdade para criar, por isso, temendo ser reconhecido, declarou ser "Johann Philipp Möller", pintor de Leipzig.
Lago de Garda
Basta atravessar os Alpes para chegar a outro mundo. Para os norte-europeus, o lago de Garda é sinônimo de sul da Europa: águas azuis profundas, cercadas por montanhas, clima ameno, cidades pitorescas, muito verde e comida saborosa. Os alemães adoram o lago de Garda. Apesar de toda a fascinação, Goethe viveu uma experiência negativa: confundido com um espião, ele foi injustamente preso.
Malcesine
Nos tempos de Goethe, vilarejos nas margens do lago como Malcesine só podiam ser acessados de barco ou por trilhas perigosas. Hoje, ele é o centro turístico da região. De Goethe, ficaram numerosos vestígios: um monumento, várias placas e um museu lembram a estada do escritor em Malcesine. Ele se hospedou no Hotel San Marco, que lembra essa honra com uma placa de mármore.
Verona
Goethe queria conhecer aspectos históricos e culturais da Itália. A visita ao anfiteatro de Verona foi seu primeiro encontro com um monumento da Antiguidade, deixando-o impressionado com a boa conservação do local. A famosa Arena de Verona tem capacidade para 22 mil pessoas. No verão, lá se realiza um festival de ópera.
Veneza
Goethe passou duas semanas em Veneza. Ele que, quando criança, brincava com uma gôndola trazida pelo pai, agora podia navegar pelos canais da cidade. O turismo em massa hoje é um problema para Veneza. Na alta temporada, a cidade de 55 mil moradores é invadida por 130 mil turistas.
Roma
Goethe chegou a Roma em 1º de novembro de 1786 e escreveu em seu diário: "Finalmente aportei nessa capital do mundo!" Ele morou na metrópole italiana por quatro meses. Ali dividiu o alojamento com um pintor, participou de festas, escreveu muito, viveu aventuras eróticas e saciou sua sede pela Antiguidade. A fascinação da "Cidade Eterna" atrai ainda hoje milhões de turistas a cada ano.
Nápoles
Em Nápoles, Goethe pôs fim ao preconceito, tão difundido na Alemanha, de que os italianos sejam preguiçosos. Os napolitanos o adoram por isso. Ele se apaixonou pelas cores, a comida, os cheiros da cidade. Nos tempos de hoje, há ocasiões em que o mau cheiro predomina, pois Nápoles tem sérios problemas com a eliminação do lixo decorrentes do poder das estruturas mafiosas.
Vesúvio
O Vesúvio, no golfo de Nápoles, é um dos mais conhecidos vulcões ativos do planeta. No ano 79, sua lava e cinza soterraram a cidade de Pompeia. A montanha exercia uma atração mágica sobre Goethe, que a escalou diversas vezes. Hoje, ônibus levam os turistas até a cratera.
Sicília
A lista de lugares visitados por Goethe na Sicília é longa. Ele ficou especialmente impressionado com a diversidade da vegetação. Sabe-se hoje que na maior ilha italiana no Mediterrâneo crescem mais de 3 mil espécies de plantas. Para Goethe, o Monte Pellegrino é o "mais belo promontório do mundo".
Taormina
Goethe foi um dos primeiros turistas em Taormina, na costa leste da Sicília, hoje o mais famoso resort da Sicília. Goethe visitou o Teatro Greco, com vista para o vulcão Etna. A fusão da paisagem natural com a arquitetura o maravilharam. Nos dias atuais lá se realizam concertos e récitas de ópera.
A "dolce vita"
Goethe estava preparado para muitas coisas em sua viagem, menos para o jeito italiano de viver. Ou seja, a descontração, otimismo, sensualidade resumidos na expressão "dolce vita". Essa foi a verdadeira descoberta do autor e erudito – e mais um motivo para os italianos o venerarem. Seu diário e perpétuo best-seller "Viagem italiana" despertou nos alemães uma atração pelo país que perdura até hoje.