Empresa alemã rejeita egípcio com mensagem xenofóbica
16 de janeiro de 2020Um escritório alemão de arquitetura está envolvido numa polêmica de discriminação por um de seus executivos ter respondido "por favor, nada de árabes" a um candidato a emprego egípcio. Yaseen Gabr compartilhou o e-mail em sua página do Facebook, chamando-o de "a pior carta de rejeição que se possa receber". Nesta quarta-feira (15/01) a história começou a se espalhar rapidamente pelas mídias sociais alemãs.
Em comunicado enviado à DW, a firma GKK+Architekten não negou o incidente, mas alegou tratar-se de um "mal-entendido", em que a mensagem teria sido "cortada" e "tirada do contexto". Contudo, não esclareceu qual seria o contexto, nem qual, exatamente, o mal-entendido. Em vez disso, afirmou: "A pedra angular do nosso sucesso é a diversidade, a internacionalidade e nossas equipes interculturais."
Segundo ela, Gabr não foi aceito para o cargo por não possuir as habilidades que procurava, mas acrescentou que se desculpara pelo e-mail. Sediada em Berlim, a GKK+Architekten divulga em seu site as dezenas de nacionalidades dos funcionários já contratados, com imagens das bandeiras dos países.
Segundo o último relatório anual da Agência Federal Antidiscriminação da Alemanha, os níveis de racismo no local de trabalho do país estão bem acima da média da União Europeia. Em todo o bloco, a frequência de discriminação contra cidadãos de ascendência africana, por exemplo, é de 9%, enquanto a Alemanha registra 14%. A agência também revela que portadores de "nomes estrangeiros" têm 24% menos chances de serem chamados para uma entrevista do que os de nome alemão.
Num estudo sobre a islamofobia no mercado de trabalho, a agência constatou que "dados qualitativos sugerem que os seguidores da fé islâmica encontram discriminação interpessoal e estrutural", em grande parte relacionada à falta de qualificações percebidas pelos empregadores alemães. A situação é ainda pior para as mulheres que usam o véu islâmico hijab.
Dos 2,27 milhões de desempregados na Alemanha em 2019, 46% não eram "etnicamente alemães", apesar de constituírem apenas 23% da população, conforme dados da Agência Federal de Emprego.
A Rede Europeia contra o Racismo (ENAR) observou em suas publicações que uma das principais barreiras no combate ao racismo e à discriminação em práticas de contratação é a falta de transparência nas entrevistas fora do setor público.
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