Namíbia, um olhar pós-colonial e pessoal
País da África foi colônia alemã de 1884 a 1915 e território sul-africano até 1990. Como é a Namíbia após 25 anos de independência? Trabalhadores e estudantes respondem com fotografias.
Câmeras descartáveis para todos
Num projeto experimental, em 2007 a pesquisadora de teatro Evelyn Annuss e a artista Barbara Loreck, ambas alemãs, distribuíram câmeras fotográficas descartáveis a centenas de namibianos, com o convite: "Fotografem-se! Como é seu país depois da época colonial alemã, da ocupação e da libertação?" Esta foto é de Paulus Jacobs, da cidade portuária de Lüderitz.
Mudança de planos
"Nossa intenção, na verdade, era que eles encenassem para a câmera o que consideram 'germanness', ou 'alemãozice'", conta Evelyn Annuss. "Mas o resultado foi totalmente diferente: as pessoas não se interessaram tanto pela história colonial, e sim por encenar o próprio dia a dia diante da câmera." Clemensia Haragaes fotografou o bairro de Katutura, na capital Windhoek.
Câmera vai, imagem volta
Como num jogo de telefone sem fio, as câmeras circularam pela Namíbia. O resultado foram mais de 5 mil imagens. Os namibianos mostraram não dar muito valor aos direitos autorais. "Tentamos descobrir quem havia feito quais fotos, mas muitas vezes não foi possível, porque as pessoas não tiveram interesse em se identificar." Para Evelyn Annuss, um projeto artístico no melhor sentido do termo.
De Windhoek à Suíça
As fotografias foram expostas pela primeira vez na National Art Gallery de Windhoek, em 2009. Por ocasião dos 25 anos da independência da Namíbia, em 21 de março de 2015, o centro de documentação Basler Afrika Bibliographien e a embaixada namibiana na Suíça voltam a exibi-las na Basileia e em Genebra. Entre elas, esta imagem feita por Memory Biwa.
Vida simples em local nobre
Emolduradas e expostas na galeria nacional de arte, as imagens cotidianas ganharam expressão fortemente artística. "Foi extremamente importante para as pessoas conquistar esse local, pois a maioria dos fotógrafos vem de antigas 'townships' ou bairros pobres." Esta foto foi tirada por Marama Kavita.
Teatro do cotidiano
Muitos trabalhos evocam instantâneos teatrais ou cenas de filme. "As pessoas se fantasiaram e se encenaram de uma certa maneira", conta a pesquisadora Annuss. Suas fotos diferem muito dos supostamente autênticos motivos de cartão postal ou dos registros de miséria apelativamente compostos, que marcam a imagem da Namíbia na Alemanha. Aqui, Anke Langmaak apresenta o Carnaval em Windhoek.
Multiplicidade namibiana
Um grupo de mulheres da etnia herero se posiciona diante de iglus. Uma jovem fantasiada de turista posa diante da imagem de um veado que ruge. Crianças de olhos azuis festejam o carnaval em Windhoek: cenas cotidianas de pontos de vista sempre novos. Marama Kavita retrata aqui o Dia dos Herreros em Okahandja.
"Olha só como tu me vês!"
As autoras do projeto não escondem sua surpresa, pois os fotógrafos contrariaram todas as suas expectativas e projeções sobre a vida na Namíbia, como que dizendo: "Vou te mostrar como tu me vês!" Esta visão é de Cesilie Benjamin. A exposição "Stagings made in Namibia" pode ser também visitada através de um catálogo publicado pela editora B_Books.