Salvação da Grécia cada vez mais dramática
9 de fevereiro de 2012Após longas negociações, os líderes da coalizão que forma o governo da Grécia não conseguiram chegar a um acordo no que diz respeito às medidas de austeridade a serem adotadas no país, a fim de liberar a ajuda de aproximadamente 130 bilhões de euros para os caixas estatais. Os políticos estiveram reunidos durante mais de sete horas em Atenas.
Urgência de chegar a um consenso
O resultado das negociações foi apresentado oficialmente pelo premiê grego na manhã desta quinta-feira (9/02), em Atenas, aos inspetores da União Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional. O ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, irá participar à noite de um encontro com seus colegas de pasta da União Europeia (UE), em Bruxelas. Até então, afirmou Venizelos, terá que haver uma solução a ser apresentada.
Segundo fontes próximas ao governo em Atenas, a Grécia, ameaçada de falência pública, terá a partir de agora duas semanas para definir medidas de austeridade a serem adotadas. Este consta ter sido o novo prazo determinado pela EU e pelo FMI. Altamente endividado, o país terá que economizar 1,5% de seu PIB no ano de 2012 ou assumir mais dívidas em torno de 3,3 bilhões de euros.
Os partidos que formam o governo conseguiram, até agora, entrar em acordo no que diz respeito à contenção de gastos de 3 bilhões de euros. Um acordo suprapartidário, com previsão de mais cortes, é condição necessária para o país lançar mão de novas ajudas financeiras internacionais.
"Grande estrondo social"
O ministro grego da Economia, Michalis Chrysochoidis, alertou os políticos do país para o risco de um "grande estrondo" social, caso as reformas estruturais não sejam implementadas. "Enquanto a classe política não estiver em condições de tomar medidas que levem à transformação do país e à criação de uma nova Grécia, vamos continuar obrigados a reduzir salários e aposentadorias", disse Chrysochoidis ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. Segundo ele, a paz na sociedade grega encontra-se em perigo, caso o governo reduza ainda mais os salários, levando o país à recessão e depressão.
As medidas de contenção de gastos na Grécia são fortemente rejeitadas pela população. Entre estas, estão a redução do salário mínimo no país para o patamar de 586 euros (bruto), uma diminuição de 22%. Além disso, até o fim do ano deverão ser efetuados cortes no setor público de até 15 mil postos.
Os cortes planejados esbarram em uma resistência fortíssima por parte dos sindicados gregos, que se mobilizaram na última terça-feira, convocando uma greve geral em protesto contra as medidas de austeridade. Na noite desta quinta-feira, acontece em Atenas uma grande manifestação popular.
Renúncia à dívida?
No que diz respeito ao "segundo processo" conduzido na tentativa de salvar economicamente a Grécia, há rumores de negociações bem-sucedidas no que diz respeito ao perdão das dívidas junto ao setor privado. Segundo informações divulgadas pela mídia, as instituições de crédito representadas pela Federação Internacional dos Bancos estariam dispostas a abdicar de mais de 70% de seus títulos públicos gregos, inclusive dos juros esperados. Os títulos da Grécia deverão ser trocados por novos títulos de maior duração e a juros mais baixos. Com isso, a dívida pública do país poderia ser reduzida em aproximadamente 100 bilhões de euros.
Nos mercados financeiros, correm notícias de uma possível participação do Banco Central Europeu no corte das dívidas gregas. O BCE começou a comprar títulos públicos gregos em 2010, a fim de assegurar seu valor, que estava em queda crescente no chamado mercado secundário. Com isso, o BCE se tornou um dos maiores credores de Atenas. Notícias divulgadas pela mídia apontam que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) poderá assumir os títulos gregos em poder do BCE.
SV/afp/dpa/dapd/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer