"O país precisa de uma liderança séria", diz Alcolumbre
25 de março de 2020O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e o vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD), divulgaram na noite desta terça-feira (24/03) uma nota em reação ao pronunciamento em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia de covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
"Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção", diz a nota assinada por Alcolumbre a Anastasia.
Segundo o presidente o vice do Senado, a posição de Bolsonaro está "na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)" e "não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos".
Em seu terceiro pronunciamento em menos de 20 dias, Bolsonaro acusou atacou a imprensa e acusou os meios de comunicação de espalharem "histeria" no país e criticou medidas aplicadas por governadores para conter o avanço do surto do coronavírus Sars-Cov-2.
O presidente voltou a chamar a covid-19 de "gripezinha" e afirmou que idosos são o grupo de risco, alegando que mortes entre menores de 40 anos são raras e que 90% da população não apresentará sintomas da doença se for infectada.
"Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa" afirmou Bolsonaro.
Em resposta às declarações do presidente, Alcolumbre e Anastasia afirmaram ser "momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais".
"A nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise", concluíram na nota.
Durante o pronunciamento de Bolsonaro, pelo oitavo dia consecutivo, ocorreram panelaços contra o presidente em várias cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
Após uma viagem oficial aos Estados Unidos, 23 integrantes da comitiva que viajou com o presidente foram diagnosticados com o novo coronavírus. Bolsonaro chegou a fazer dois testes para a covid-19, que, segundo ele, deram negativo. Ele se recusa a mostrar os resultados.
Depois de uma decisão da Justiça Federal, o hospital que atendeu Bolsonaro liberou para a Secretária de Saúde do Distrito Federal a lista dos 17 infectados. No documento, porém, dois nomes foram omitidos.
De acordo com o Ministério da Saúde, até esta terça-feira foram contabilizados 2.201 casos e 46 mortes em decorrência da covid-19.
LPF/ots
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