Perfil
10 de fevereiro de 2009
Ele fala inglês americano, o que o torna o convidado israelense preferido dos programas de televisão nos Estados Unidos. Benjamin Netanyahu (59) foi o primeiro político nascido em Israel a ser eleito primeiro-ministro, em 1996.
Sua família, provinda da Lituânia, estava ligada à ideologia de um Grande Israel defendida pelos judeus "revisionistas", à qual também pertenciam Menachem Begin, Yitzhak Shamir e posteriormente Ariel Sharon, líderes do partido nacionalista Likud (Unidade).
Três anos antes da posse de Netanyahu fora assinado o Acordo de Oslo, do qual o presidente do Likud era um ferrenho opositor. Ao se tornar primeiro-ministro, Netanyahu foi – portanto – obrigado a aceitar o diálogo com os palestinos, além de fazer negociações com a Síria na localidade norte-americana de Wye Plantations.
Fracasso do Acordo de Oslo
Em ambos os casos, as conversas não atingiram resultados, o que certamente se deveu também à atitude de Netanyahu. Foi ele que propagou a divisa de que Israel não abdicaria das Colinas de Golã (da Síria), não negociaria sobre Jerusalém e não aceitaria pré-condição de espécie alguma.
Portanto, o fracasso do processo de Oslo se deve em grande medida à política de Netanyahu, embora seu sucessor a partir de 1999 – o atual ministro da Defesa e presidente do Partido Trabalhista, Ehud Barak – também não tenha se empenhado mais por Oslo.
Em 2003, o Likud voltou a assumir o poder sob o governo de Ariel Sharon. Netanyahu havia retornado à política tarde demais, após uma incursão no mundo dos negócios; e muitos israelenses conheciam bem demais a influência negativa que ele exercera.
Netanyahu tornou-se ministro das Finanças do governo Sharon, mas quando este começou a cogitar uma retirada unilateral da Faixa de Gaza, Netanyahu negou seu apoio ao governo. Com isso, o Likud rachou: Sharon fundou o Kadima e Netanyahu se tornou presidente do Likud e líder da oposição.
"Não posso apoiar um passo que, na minha opinião, coloca em risco a segurança de Israel, separa as pessoas, além de implicar o princípio de uma retirada até as linhas indefensáveis de 1967 e no futuro ameaçar uma unidade de Jerusalém", declarou ele na época.
Temor de uma "base" iraniana
Posteriormente, quando o Hamas assumiu o poder na Faixa de Gaza e uma nova guerra começou, Netanyahu se sentiu confirmado. Ele apoiava a guerra, mas argumentava que o que a havia ocasionado fora sobretudo a retirada.
Netanyahu passou a considerar Gaza uma base do Irã nas imediações e fez uma exigência inequívoca: "Isso tem que desaparecer. Não poderá haver uma base iraniana de terrorismo ao lado de Ashkelon ou Tel Aviv".
Quanto aos palestinos, Netanyahu não chegou a negar oficialmente seu direito a um Estado próprio, mas também não se mostrou disposto a definir a extensão ou a fixar um prazo para sua fundação.
Em relação às eleições desta terça-feira (10/02), Benjamin Netanyahu está apreensivo com o fortalecimento do partido nacionalista Israel Beitenu, mas se mostra confiante de que obterá a maioria dos votos e o poder de compor o gabinete de governo:
"Acredito que venceremos. Mas queremos vencer de modo a poder comandar o Estado em vista de seus desafios. No geral, só se fala de um mandato aqui e outro ali. Mas nós falamos de coisas maiores – do Irã e da base do Hamas que ainda não foi destruída. Ou então do Hisbolá, ao norte, e dos empregos de centenas de milhares de israelenses que estarão ameaçados se não agirmos da forma correta".