Economia desaquecida
20 de dezembro de 2010O caos provocado pela neve já atrapalha as indústrias alemãs, embora, o inverno só se inicialmente no Hemisfério Norte no dia 22 de dezembro. Na montadora Ford, em Colônia, houve interrupção da produção, pois peças da linha de montagem não chegaram de países vizinhos. Nem mesmo o comércio de artigos para esportes de inverno conseguiu se beneficiar com a nevasca: muitos clientes simplesmente não conseguiram fazer suas compras.
O único setor que, até agora, está levando vantagem é o de produção de sal-gema. Este é usado para derreter o gelo e a neve que cobrem as ruas do país, em parte impossibilitando o tráfego. A empresa K+S tem lucrado com esse cenário, e as ações da companhia subiram notadamente nos últimos dias.
Em outras áreas da economia, no entanto, o clima rigoroso é um desafio sério. "A produção na indústria alemã de construção civil está parada. As áreas mais prejudicadas são as obras subterrâneas, mas também as em ruas e de armações de concreto e alvenaria", afirmou Heiko Stiepelmann, da Federação da Indústria de Construção Alemã (HDB).
Déjà-vu
Stiepelmann lembra que um panorama semelhante já foi visto no início de 2010: "Esta já é a segunda vez que somos afetados neste ano. Os primeiros três meses já foram caóticos por causa do inverno. Se isso se repetir no final deste ano, não teremos praticamente nenhum lucro".
Não só os projetos de construção estão paralisados no momento. Viagens de negócios também precisaram ser adiadas devido à neve, restaurantes e lojas estão praticamente fora do alcance dos clientes, diz Volker Treier, economista-chefe da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK).
Treier ressalta ainda outras conseqüências do caos provocado pela neve. "A chegada prematura do inverno e sua violência diminuem o crescimento econômico no final do ano. Na temporada passada, vimos que um rigoroso e longo inverno pode cortar o crescimento do trimestre em meio ponto porcentual. O que estamos vivendo agora indica que iremos numa direção parecida."
No entanto, o economista ressalta que a recuperação econômica da Alemanha não deve se abater diante das condições climáticas.
Setor automotivo
Na unidade de produção da Ford em Colônia, as esteiras estiveram paradas nas noites de 16 e 17 de dezembro. Porém a montadora conseguiu superar rapidamente a crise.
"Tivemos problemas com o fornecimento de aquecedores para a nossa fábrica em Colônia, onde são produzidos os modelos Fiesta e Fusion. Os aquecedores vêm de uma unidade do norte da França. E na França e na Bélgica ficou suspenso o tráfego de caminhões com peso acima de 7,5 toneladas", explicou Bernd Meier, porta-voz da Ford.
Na unidade da fabricante de veículos Opel em Bochum, algumas peças de carros estão em falta, mas não chegou a haver comprometimento do planejamento de produção.
Muitos caminhões-tanque não conseguiram transitar pelas estradas cobertas pela neve. Consequentemente, algumas regiões na Alemanha ficaram sem abastecimento. Segundo o consórcio Esso, o problema afetou 20 de seus postos. A Shell também registrou dificuldades, pois os caminhões não conseguiram deixar as refinarias devido às estradas escorregadias.
Presentes de Natal
Neve e gelo também dificultam a entrega de pacotes às vésperas do Natal. Os que saem da Amazon podem chegar com até dois dias de atraso, disse a porta-voz da empresa, Christine Höger.
O conglomerado logístico DHL se mostra mais otimista: "Claro que também fomos atingidos, como todos os que dependem do clima. Mas acreditamos que os pacotes que forem postados até ao meio-dia de 22 de dezembro serão entregues sem atraso para as festas de Natal", declarou o porta-voz da DHL em Bonn, Claus Korfmacher.
Autora: Alexandra Scherle (np)
Revisão: Augusto Valente