Nigéria bombardeia campo de refugiados por engano
17 de janeiro de 2017Um ataque aéreo das Forças Armadas da Nigéria num campo de refugiados na cidade de Rann, no nordeste do país, deixou nesta terça-feira (17/01) pelo menos 50 mortos e 120 feridos, segundo a Organização Médicos sem Fronteiras (MSF). O exército confirmou o bombardeio, mas disse que o alvo eram integrantes do grupo jihadista Boko Haram.
"Este tipo de ataque em larga escala contra pessoas vulneráveis que já tinham fugido de violência extrema é chocante e inaceitável", afirmou o diretor de operações da MSF, Jean-Clement Cabrol, em comunicado.
Segundo explicou o comandante da operação, Lucky Irabor, em entrevista coletiva na cidade de Maiduguri, o ataque militar começou pela manhã após a informação de que na região se encontravam terroristas de Boko Haram.
"Infelizmente, o ataque aconteceu, mas outros civis que estavam nos arredores da área se viram atingidos", lamentou o comandante e disse que ainda é muito cedo para determinar as causas do engano, acrescentado que funcionários da MSF e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha ficaram feridos no bombardeio.
A Cruz Vermelha Internacional disse que seis funcionários seus morreram no ataque e 13 ficaram feridos. A MSF exigiu que as autoridades nigerianas façam todos os esforços no sentido de facilitar a retirada dos feridos mais urgentes do campo. "As nossas equipas médicas e cirúrgicas nos Camarões e no Chade estão prontas para tratar dos feridos", realçou.
O acampamento de deslocados internos de Rann se encontra situado muito perto da fronteira com o Camarões, no estado de Borno, um dos alvos frequentes do Boko Haram.
O grupo jihadista matou mais de 15 mil pessoas e obrigou mais de 2,5 milhões a fugir de seus lares desde que começou sua atividade terrorista em 2009. Os insurgentes sofreram várias derrotas desde que a Nigéria, Chade, Camarões e Níger decidiram criar uma força multinacional para coordenar uma ofensiva ao redor do lago Chad, na região fronteiriça dos quatro países.
No entanto, nas últimas semanas voltaram a cometer vários ataques no nordeste nigeriano, onde lutam para instaurar um Estado de caráter radical islâmico.
CN/efe/rtr/lusa