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No Leste alemão, 20% sentem-se "deixados para trás"

29 de janeiro de 2024

Prevalência do sentimento na antiga Alemanha Oriental é mais do que o dobro do que nos estados do Oeste, mostra pesquisa. Sensação é associada a maior apoio a partidos populistas e insatisfação com democracia.

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Duas pessoas em frente a prédio histórico em uma praça
Leste alemão, como no estado da Turíngia (foto), é mais afetado por declínio populacional e aumento da idade média dos habitantesFoto: Jens Meyer/AP Photo/picture alliance

O sentimento de estar sendo "deixado para trás" é significativamente mais comum nos estados do Leste da Alemanha do que nos do Oeste, concluiu uma pesquisa realizada pela Universidade de Jena, que fica no estado alemão da Turíngia.

Entre os alemães que moram nos estados do Leste, na região da antiga Alemanha Oriental comunista, cerca de 20% declararam ter esse sentimento, contra apenas 8% dos moradores dos estados do Oeste. Foram ouvidas cerca de 4 mil pessoas em junho, julho e outubro.

A cientista política Marion Raiser, responsável pelo estudo, afirma que o sentimento de estar sendo "deixado para trás" é associado a uma maior tendência a apoiar políticos populistas e a estar menos satisfeito com o funcionamento da democracia.

O sentimento indica que essas pessoas entendem que os políticos não estão interessados em suas regiões e nem comprometidos adequadamente com seu desenvolvimento econômico

Segundo o estudo, no leste alemão há também proporcionalmente mais regiões afetadas de forma severa pelo declínio populacional e o aumento da idade média de seus habitantes.

É no leste da Alemanha que o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) atinge suas maiores taxas de popularidade. Neste ano haverá três importantes eleições estaduais na região, onde o apoio do partido é mais forte, e a legenda tem chances de eleger seu primeiro governador, na Turíngia.

Em relação à democracia, 97% dos entrevistados disseram apoiar esse sistema de governo. No entanto, 56% dos moradores do Leste alemão afirmaram estarem insatisfeitos com o funcionamento da democracia – contra 40% dos moradores do Oeste.

Pessoa com gorro nas cores da bandeira da Alemanha em um evento ao ar livre
56% dos moradores do Leste alemão afirmaram estarem insatisfeitos com o funcionamento da democracia Foto: Sebastian Willnow/dpa/picture alliance

Diferença entre regiões

Em outubro passado, quando a Reunificação alemã completou 33 anos, o governo federal publicou um relatório que mostrava que o desnivelamento econômico entre o Oeste e o Leste estava diminuindo, mas que ainda havia diferenças salariais e de riqueza entre as regiões.

Em 2022, por exemplo, o salário médio anual no Oeste da Alemanha era mais de 12 mil euros superior ao recebido no Leste da Alemanha. Os números da poupança revelam uma desigualdade ainda mais acentuada: em 2021, a poupança média líquida nos estados do Oeste era quase três vezes maior (127,9 mil euros) do que nos estados do Leste, de acordo com o Banco Central alemão.

O ministro de Estado para o Leste da Alemanha, Carsten Schneider, afirmou na ocasião que a região vinha recebendo investimentos significativos em setores de alta tecnologia e energias renováveis.

No entanto, estimativas do Destatis, o Departamento Federal de Estatística, apontam que o número de pessoas em idade ativa diminuirá mais nos estados do Leste do que nos do Oeste nas próximas décadas.

bl/le (ots)