Caricatura de Maomé estampa nova capa do "Charlie Hebdo"
13 de janeiro de 2015O jornal satírico francês Charlie Hebdo divulgou a imagem que será a capa da edição que chega às bancas nesta quarta-feira (14/01), a primeira desde o ataque que deixou 12 mortos, entre eles cinco cartunistas do semanário.
A publicação estampa na capa uma caricatura do profeta Maomé em prantos, segurando um cartaz com os dizeres "Je suis Charlie" (eu sou Charlie), frase que se tornou símbolo internacional do pesar e do sentimento de revolta contra os atentados de Paris. Acima da imagem do profeta, aparece a afirmação "Tout est pardonné" (tudo está perdoado).
A publicação anunciou que a chamada "edição dos sobreviventes" terá 3 milhões de cópias. Antes do atentado, a tiragem do jornal era de 60 mil exemplares, sendo que apenas metade desse total era vendida.
Apenas 4 mil exemplares eram enviados para comercialização no exterior. Desta vez, 300 mil unidades serão distribuídas para 25 países.
Doze pessoas trabalharam na nova edição . O jornal Libération abrigou os sobreviventes do Charlie Hebdo, para que pudessem dar continuidade à publicação. A sede do jornal satírico não pode ser utilizada em razão das investigações sobre o atentado.
"Direito à blasfêmia"
O advogado do jornal, Richard Malka, afirmou que o espírito do "Je suis Charlie" também significa o "direito à blasfêmia". Segundo ele, há 22 anos nenhuma edição do semanário é publicada sem uma caricatura do papa, de Jesus, de bispos, rabinos, imãs ou do profeta Maomé.
Os terroristas que perpetraram o ataque da última semana foram ouvidos gritando "vingamos o profeta Maomé". De acordo com a crença dos muçulmanos, nem Deus nem Maomé ou qualquer outro profeta deve ser representado em imagens, embora não exista proibição explícita no Corão.
Os editores do Charlie Hebdo, assim como seus cartunistas, já estavam acostumados com ameaças de morte antes mesmo do ataque do dia 7 de janeiro. Elas começaram após o jornal republicar charges do profeta Maomé, inicialmente divulgadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, em 2006. Cinco anos mais tarde, o jornal foi alvo de um atentado a bomba que não deixou vítimas.
RC/ap/afp/dpa