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Novas sanções não vão intimidar a Rússia, afirma Putin

20 de dezembro de 2014

Chefe do Kremlin diz que país está pronto para defender soberania após UE, Estados Unidos e Canadá anunciarem novas medidas que atingem diretamente economia russa. Moscou ameaça estudar retaliação.

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Putin PK Moskau 18.12.2014
Foto: Reuters/Zmeyev

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou neste sábado (20/12) que ninguém conseguirá "intimidar, conter ou isolar" a Rússia e defendeu que o país, alvo de novas sanções devido à crise ucraniana, deve estar pronto para enfrentar "algumas dificuldades" a fim de garantir sua soberania, estabilidade e unidade.

"Ninguém conseguirá nos intimidar, conter ou isolar a Rússia. Nunca ninguém conseguiu nem vai conseguir", afirmou Putin, em discurso transmitido pela televisão. Para o presidente, a Rússia "paga caro por sua posição de independência e apoio a seus compatriotas na Crimeia".

Nesta sexta-feira, Estados Unidos e Canadá anunciaram novas sanções contra os russos. Os EUA proibiram investimentos americanos na Crimeia e ameaçaram de congelamento os bens de quem fizer negócios na península.

Já o Canadá ampliou sanções que afetam Moscou diretamente nos setores de petróleo e gás. Um dia antes, a UE havia banido empresas com sede em seus Estados-membros de realizar negócios com companhias da Crimeia.

A anexação da península no Mar Negro, em março passado, e o conflito entre forças ucranianas e rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia levaram a uma deterioração das relações entre Moscou e os países ocidentais que não se registrava desde os tempos da Guerra Fria.

O Kremlin afirma, porém, que pressões externa não vão alterar nada, e que a Crimeia é parte "histórica e inseparável" da Rússia.

Ukraine Krise Lugansk
Bandeira hasteada em Lugansk, leste da Ucrânia – crise na região já custou a vida de 4,7 mil pessoasFoto: picture alliance/Sergey Kovalev

Lamento e ameaça

Em nota também divulgada neste sábado, o Ministério russo do Exterior afirmou que as novas sanções impostas por EUA e Canadá dificultarão os esforços para o fim dos conflitos na Ucrânia, que já deixou um saldo, até agora, de 4,7 mil mortos. O ministro Serguei Lavrov advertiu o secretário de Estado americano, John Kerry, que, ao ameaçar a Rússia com novas sanções, os EUA podem estar "minando por muito tempo" as relações entre o Kremlin e a Casa Branca.

"Aconselhamos Washington e Ottawa a refletir sobre as consequências de tais ações. Estaremos considerando contramedidas", acrescentou o comunicado, no qual o governo russo afirma lamentar que os dois países da América do Norte não aceitem o resultado do referendo realizado na Crimeia logo após tropas russas terem ocupado a península. A votação não é reconhecida por grande parte da comunidade internacional.

A nota faz ainda uma referência à retomada das relações diplomáticas entre os EUA e Cuba, anunciada na última quinta-feira pelos líderes dos dois países. "A Casa Branca levou meio século para admitir que bloquear Cuba com sanções foi inútil. Bem, também podemos esperar", disse ainda a nota.

Áustria alerta para colapso russo

Em declaração dada ao jornal Österreich, o chanceler federal da Áustria, Werner Faymann, criticou os países europeus pelas novas ações contra Moscou. Segundo ele, a medida pode estar levando a economia russa a um colapso. A declaração é publicada um dia após o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ter se manifestado por ações mais duras contra o Kremlin em resposta à crise na Ucrânia.

"Não posso aprovar a euforia de muitos na UE pelo sucesso das sanções contra a Rússia. Estaremos atirando no próprio pé se erguermos um novo muro diante da economia russa", disse Faymann.

A Rússia enfrenta forte crise em sua economia, afetada principalmente pela queda do preço do petróleo e pelas sanções dos países ocidentais. Ao longo deste ano, o rublo já perdeu metade de seu valor frente ao dólar.

MSB/rtr/ap/lusa