Novas tarefas para as Forças Armadas
25 de abril de 2003Foram-se os tempos em que a Bundeswehr treinava uma única coisa: defender a Alemanha, por meio de pesados tanques e aviões de combate, de um inimigo que se encontrava supostamente no Leste. A defesa territorial é hoje apenas uma tarefa entre muitas. Nesse meio tempo, os soldados alemães ajudam a compor tropas internacionais de paz e atuam no combate ao terrorismo. Cerca de 8500 encontram-se atualmente no exterior, participando de alguma missão — algo que, ainda dez anos atrás, seria inimaginável.
"Nós estamos na fase de adaptar a Bundeswehr às tarefas que ela tem no momento, ou seja ser um Exército pronto a atuar em missões internacionais. E temos boas capacidades, como demonstra a presença no Afeganistão, nos Bálcãs, ou no Chifre da África", esclarece Peter Struck. "Precisamos aumentá-las ainda, porque acredito que a tarefa das Forças Armadas no futuro vai ser participar dessas missões e não de ficar às margens do rio Oder dizendo que o inimigo vem do Leste".
Mais que defender o território
Tanto o ministro da Defesa como os generais das Forças Armadas vêem o conceito de defesa do país como uma tarefa mais abrangente do que defender o território alemão. "A Alemanha pode ser defendida até na cordilheira do Hindukush. Isso significa que todos os projetos da Bundeswehr precisam se orientar por esse princípio", afirma Struck.
Para tanto, todos os sistemas de armamento precisam passar por uma revisão. Em vez de pesados tanques, necessita-se hoje de veículos off-road blindados; aviões de grande porte para o transporte de tropas para o exterior são tão importantes quanto os aviões de combate.
Mas o que Struck quer incentivar são as habilidades especiais, fomentando, por exemplo, a constituição de mais unidades de defesa contra armas atômicas, bacteriológicas e químicas. "Temos algumas dessas unidades estacionadas no Kuwait, em Cabul, nos Bálcãs, mas notamos agora que estamos chegando ao limite de nossas capacidades. A ameaça do futuro podem se tornar os ataques terroristas que se utilizam de substâncias biológicas ou químicas, portanto precisamos nos reorganizar nesse setor."
Remanejar para financiar
A reestruturação custa caro, e para financiá-la o ministro remaneja o orçamento destinado às Forças Armadas desativando equipamentos antiquados e terceirizando tarefas administrativas. Nem sempre as tropas ficam satisfeitas com as decisões, porque sempre falta dinheiro em algum canto.
O que Struck não pretende, por enquanto, é reduzir o contingente das Forças Armadas. O planejamento atual parte de um contingente de 285 mil. Uma mudança poderia ocorrer se houver alteração no tempo de prestação do serviço militar obrigatório - atualmente de nove meses -, o que o ministro está estudando.
Peter Struck defende o serviço militar obrigatório e não pode imaginar para a Alemanha um exército composto apenas de profissionais. Seus planos para o futuro prevêem uma Bundeswehr eficiente, "ainda com serviço militar obrigatório, fortemente integrada na Europa e parceira com igualdade de direitos dentro da Otan".