Festas do livro
17 de março de 2011A Feira do Livro de Leipzig foi inaugurada nesta quarta-feira (16/3) com uma homenagem ao escritor austríaco Martin Pollack. Jornalista, escritor e tradutor de 66 anos, ele recebeu o Prêmio do Livro de Leipzig para o Entendimento Europeu, dotado de 15 mil euros, por sua obra "memorável e pioneira". "Pollack é um fanático pela precisão, sem a teimosia de um pedante", elogiou a romancista Sibylle Lewitscharoff em seu discurso laudatório. "Ele escreve com linguagem clara, que pode ser compreendida facilmente por qualquer um."
A mais recente obra de Pollack é Der Kaiser von Amerika ("O Imperador da América", em tradução livre), que conta o êxodo em massa de judeus, poloneses e ucranianos da Galícia, no início do século passado. Em seu discurso de agradecimento, o autor alertou os europeus ocidentais para que não esqueçam seus vizinhos orientais. "A livre e próspera Europa mudou as suas fronteiras para leste, mas elas não desapareceram", alertou.
Cerca de 1,5 mil autores
Na Feira do Livro de Leipzig, apresentam-se até domingo 2.150 expositores. Cerca de 1,5 mil autores participam de recitais de suas novas obras. Os países convidados deste ano são Sérvia e Islândia.
O comércio livreiro alemão espera vendas robustas para este ano. "A atmosfera surpreendentemente agitada no setor permite a coexistência do livro impresso e do digital", disse o presidente da associação do setor, Gottfried Honnefelder.
No ano passado, o comércio de varejo de livros sofreu uma queda nas vendas de 2,8%. O ano de 2011 começou de forma positiva, com as vendas em janeiro aumentando 1,8% em comparação com o mesmo mês no ano anterior. "Acho que na Alemanha ainda se lê em papel impresso, não somente como um nicho, mas de forma significativa e com um crescimento paralelo do mercado digital", disse Honnefelder.
"Há uma sinergia maravilhosa entre as editoras clássicas e os serviços digitais", ressaltou o diretor-executivo da Feira de Leipzig, Martin Wagner-Buhl. Comparada com o ano passado, a venda de espaços na feira cresceu 5%. Muitos pequenos editores estão expondo em Leipzig pela primeira vez.
Festival em Colônia traz celebridades
O escritor turco Orhan Pamuk, Prêmio Nobel de Literatura de 2006, o cantor francês Charles Aznavour e o autor holandês Cees Nooteboom são alguns dos destaques do festival lit.Cologne, realizado pela 11ª vez em Colônia até dia 26 de março. São 11 dias em que ocorrem 162 eventos literários.
Ano passado, o festival contabilizou 80 mil visitantes, tornando-se assim a maior festa da literatura do país em termos de público. Para este ano, 70% dos ingressos, que começaram a ser vendidos em dezembro último, já foram comprados antes do Natal. O sucesso é tanto que notícias na mídia alemã afirmam que está sendo planejada uma segunda edição anual, paralelamente à Feira do Livro de Frankfurt.
"Contamos este ano com 80 mil visitantes. Podemos dizer isso, porque as vendas antecipadas transcorrem no nosso caso tão rápido quanto em um grande festival de rock ou pop", afirma Rainer Osnowski, organizador do lit.Cologne.
"O perfil especial do lit.Cologne, penso eu, é que ele apresenta tanto publicações literárias interessantes quanto noites planejadas por nós mesmos com temas especiais ou questões atuais", explica. "Este ano, damos uma ênfase muito forte a temas como moral e política", diz.
Noite de gala celebra Anistia Internacional
Assim, a lit.Cologne convida para uma noite de gala em comemoração dos 50 anos da Anistia Internacional. A festa inclui escritores famosos, atores e músicos que leem textos de políticos perseguidos de todo o mundo.
Em uma outra noite, a filósofa americana Susan Neiman, diretora do Fórum Einstein, em Berlim, discute com a cientista política Gesine Schwan sobre a forma como a questão da moral deve ser redefinida nos dias atuais. E em outra oportunidade, o ex-ministro do Exterior alemão, Joschka Fischer, debate com o historiador Eckhart Conze, que pesquisou o envolvimento do Ministério do Exterior da Alemanha com o nazismo.
Mas é claro que o lit.Cologne não é só política. Há uma noite dedicada ao poeta Heinrich von Kleist, morto há 200 anos, e outra à literatura mexicana. "Normalmente, os autores, quando se apresentam em lugares como Colônia, Frankfurt ou Munique, o fazem diante de 30 a 40 pessoas. Conosco, eles leem para um público que vai de 200 a 300 pessoas", ressalta Rauber Osnowski.
Autor: Christel Wester / Márcio Damasceno
Revisão: Carlos Albuquerque