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"Num sô caipira não"

Liliane Corrêa7 de outubro de 2003

Os tempos modernos trouxeram progresso também para a gente do campo. Quer casar, é só clicar!!

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O trabalho rural não dá apenas bons frutos...Foto: dpa

Ao entrar num site de chat de gosto duvidoso dedicado a proprietários rurais, o usuário depara-se com uma curiosa página inicial. O agricultor que procura parceira pode optar entre "Pular a cerca" e "Arrumar uma namorada": nada que fosse tão anormal, se o assunto não fosse tratado com tanta seriedade.

Com muito mais seriedade trata o site www.landflirt.de de um problema que, para os proprietários rurais alemães, é mais do que preocupante: quase um terço deles não encontrou uma parceira. A solidão, longe de ser uma escolha consciente, é um dos maus frutos do trabalho no campo. Um dos motivos é a falta de tempo livre, devido aos altos e baixos do trabalho no campo. Férias, só quando for possível, talvez em março, talvez em junho, ou talvez no meio de julho. No campo raramente se tem grandes alternativas de se sair à noite e, mesmo quando se dispõe de alguma, o trabalho costuma ser árduo e exige descanso.

Outro grande obstáculo na busca de namoradas é o velho estigma de homem de campo: imagina-se quase sempre um homem sujo, de maus modos, bota pingando lama, mandando a mulher pra cozinha e dando milho aos porcos na pocilga. A mulher de hoje, que deixou de ser Amélia e tornou-se independente, não costuma cogitar o proprietário rural, vítima destes e de tantos outros preconceitos, como candidato a parceiro para um relacionamento saudável.

Entre Adônis e camponeses

Os homens são os que aparentemente mais sofrem com a falta de uma companheira. Eles são os maiores usuários de sites como www.landflirt.de, enquanto as mulheres perfazem apenas um terço dos internautas visitantes. Nos anúncios de procura, alguns se descrevem de maneira simples, citando idade, peso, características pessoais básicas.

E quem pensa que homem alemão do campo parou no tempo, muito se engana: não são poucos os que indicam como hobbies surfar na internet, praticar canoagem, ir a discotecas, musculação, andar de motocicleta, andar de skate...Os mais sinceros confessam possuir uma "barriguinha" extra, os mais espertinhos já dizem que gostam de cozinhar e limpar. Outros abusam do marketing pessoal ao descrever-se como "um corpo bronzeado do ar rural, um Adônis do campo". Há sempre gente pra todo gosto.

Caras-metade

O que procuram? Quase sempre uma companheira para a vida (referida às vezes como "cara-metade feminina"), que goste da vida no campo com seus problemas e vantagens, que seja forte e não se importe em ajudar quando preciso, que queira talvez uma família. Andreas Aicher, por exemplo, procura uma mulher de até 45 anos e que se possível tenha "fogo no rabo". Andy garante às mais cautelosas que seus pais não moram junto na fazenda, e Matze quer uma mulher que não seja uma chata, e que seja realista, mas também um pouco louca. Será que é pedir demais...?

As mulheres são mais sensatas em sua busca: procuram basicamente alguém para conversar e em que se apoiar. Muitas já vêm com família, outras são até executivas. Em comum, homens e mulheres procuram relacionamentos de longo prazo, sinceridade, um pouco de diversão. Se vão encontrar a metade da laranja? Se depender das novas utilidades da internet, a colheita não há de tardar não...