Não basta armar, também tem de fazer gol
16 de janeiro de 2003Na temporada passada, Zé Roberto brilhou nos campos alemães e europeus, sendo peça fundamental na equipe que levou o Bayer Leverkusen a três vice-campeonatos: na Bundesliga, na Copa Alemanha e na Liga dos Campeões da Europa. Habilidoso, o brasileiro costurava jogadas incríveis antes de lançar, cruzar ou tocar a bola para seus colegas já diante do gol.
O meia esquerda acabou o Campeonato Alemão 2001/2002 como o campeão de assistências. Em 16 gols do Leverkusen, foi ele o penúltimo a estar com a bola. Ele próprio balançou a rede adversária somente quatro vezes. Na temporada atual , a relação é de cinco assistências e um gol.
O técnico Ottmar Hitzfeld, do Bayern de Munique, quer mudar isto. O clube recordista de títulos da Alemanha – que contratou o brasileiro antes desta temporada – não pode se dar ao luxo de pagar alto salário para um jogador que "só" cria jogadas. Zé Roberto tem de agora também tentar ele próprio o gol.
"É meu único ponto fraco. Estou fazendo horas extras para melhorar minhas conclusões. Depois dos treinos, tenho ficado mais tempo em campo para chutar a gol. Mas a questão é também psicológica. Sempre preparei jogadas e por isso passo com freqüência a bola para os colegas, mesmo quando tenho caminho livre", admitiu o ex-jogador do Flamengo e da Portuguesa de Desportos, em entrevista ao jornal Die Zeit.
Seleção, bom motivo para empenhar-se
Além da cobrança do técnico alemão, Zé Roberto tem mais motivos para exercitar chutes a gol: a Seleção Brasileira. Aos 28 anos, a convocação para o amistoso de novembro na Coréia do Sul o reanimou, depois da decepção de não ter ido à Copa do Mundo. "Desde então tenho jogado melhor também no Bayern", afirma o meia.
Ele reconhece que no primeiro turno não jogou tudo o que sabe, mas tem sua justificativa. "No início da temporada, não estava 100%, tinha problemas nos (músculos) adutores. Eu sabia por que não estava rendendo. O que me aborreceu foi que aqueles que criticaram meu desempenho também sabiam", queixa-se o jogador, acusado de enfeitar demais os lances. "Mas agora não sinto mais dores e estou certo de que jogarei o segundo turno ainda melhor do que quando estava no Leverkusen", ressalta.
Zé Roberto nega estar sentindo o peso da camisa do Bayern. "Já dos tempos em que estive no Real Madrid sei qual é a pressão em grandes clubes. Temos de conviver com ela. Estou satisfeito que meu primeiro semestre em Munique já seja passado. Agora quero buscar com o Bayern os dois títulos alemães (Bundesliga e Copa Alemanha)."