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"Não deem chance à ditadura na Ucrânia", diz filha de Timoshenko

Tetyana Bondarenko (ca)4 de dezembro de 2013

Yevhenia Timoshenko luta pela libertação da mãe, ex-premiê e atualmente na prisão, e alerta para aumento da repressão por parte do governo Yanukovytch. Em entrevista à DW, ela pede ajuda ao Ocidente em prol de seu país.

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Foto: Reuters

Sob pressão da Rússia, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, renunciou em novembro ao acordo de associação com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos de massa na Ucrânia. Em seguida, em Kiev, a polícia agiu com violência contra os manifestantes que exigiam pacificamente a troca do governo – o que levou ainda mais ucranianos às ruas.

A principal adversária de Yanukovytch é a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, que foi sentenciada em 2011 por abuso de poder, numa condenação que, para a oposição, teve caráter político. Para a UE, a libertação de Timoshenko é uma das principais condições para qualquer acordo com a Ucrânia, que iria expandir o comércio e abrir o caminho para a adesão ao bloco.

Em entrevista à DW, Yevhenia, filha de Timoshenko, fala do papel exercido por sua mãe nos atuais protestos. Yevhenia se empenha mundialmente pelos interesses da mãe e pela integração da Ucrânia na União Europeia.

Deutsche Welle: Como você avalia os protestos na semana passada na Ucrânia?

Yevhenia Timoshenko: Não se trata apenas do fato de Yanukovytch privar os ucranianos de um futuro na União Europeia, ao se recusar a ratificar o acordo. Trata-se também da violência policial, organizada pelos apoiadores do presidente. Eles espancaram os jovens que participavam pacificamente dos protestos. O povo ficou indignado. Então, no domingo, ainda mais manifestantes foram às ruas – até 1 milhão de pessoas.

Nos atuais protestos, não se trata somente do futuro europeu da Ucrânia. É a luta de cada indivíduo contra um regime que lhe privou das bases econômicas, de perspectivas e de um futuro como parte da Europa.

Sua mãe parece exercer um importante papel no acordo de associação. Qual seria esse papel?

Minha mãe disse claramente à UE que a prisão dela não deveria ser associada ao acordo. Ela fez várias concessões. Pediu à oposição que votasse por unanimidade no Parlamento a favor da integração europeia. Ela concordou até mesmo em ser levada algemada para fora do país. Poucos dias antes da cúpula [da UE na Lituânia], ela havia afirmado que, caso Yanukovytch concordasse em assinar o acordo na última hora, a UE deveria fazê-lo mesmo sem sua libertação.

Como você avalia a política da Rússia em relação à Ucrânia?

Não é minha tarefa comentá-la. Mas, como ucraniana, estou consciente de como os governantes devem agir. Primeiramente, eles devem proteger os interesses ucranianos e impedir a corrupção, já que ela é a razão do declínio econômico do país. A economia ucraniana está em perigo, por isso temos que trocar, gradualmente, nossa independência com os vizinhos, que têm certo apetite pelos recursos da Ucrânia. Depois do fracasso do acordo de associação, mais uma vez ficou claro que Yanukovytch nunca perseguiu uma estratégia de adesão à Europa.

O que esperar num futuro próximo da União Europeia?

Na última visita que fiz à minha mãe, ela já estava há mais de nove dias em greve de fome. Ela apelou aos líderes europeus e ao mundo democrático a que não deem chance para que a ditadura de Yanukovytch cresça. Porque o espancamento de jovens é apenas o começo.

Agora que centenas de milhares de pessoas estão protestando nas ruas, para fazer pressão sobre Yanukovytch e seu governo, somos gratos aos líderes europeus por apoiar a nação ucraniana, que se eleva. A missão da oposição é apoiar o povo ucraniano, para que suas preocupações sejam escutadas pelos políticos do regime. Mas, infelizmente, temos que reconhecer que os políticos não querem perceber que toda uma nação se levanta e exige ação.

Como filha de Yulia Timoshenko, gostaria de apelar às nações democráticas do mundo, em nome daqueles que lutam pela democracia na Ucrânia, e pedir-lhes que continuem a lutar pela libertação de minha mãe, para que ela não continue a ser uma refém política do regime.