Muro de Berlim
13 de agosto de 2010Nesta sexta-feira (13/08), há exatamente 49 anos, teve início a construção do Muro de Berlim. A edificação fechou definitivamente a fronteira entre as duas Alemanhas. O número de pessoas que deixaram sua vida na antiga fronteira continua, no entanto, sendo motivo de debates.
Um museu particular berlinense divulgou estatísticas próprias, afirmando que mais pessoas foram mortas pelo antigo regime da Alemanha Oriental ao tentar atravessar para o Ocidente do que afirmam os números oficiais.
De acordo com pesquisas do Museu do Muro no Checkpoint Charlie, entre 1945 e 1989, pelo menos 1.393 homens e mulheres perderam a vida entre as Alemanhas Ocidental e Oriental.
Essa cifra ainda estaria sujeita a correções, já que "as pesquisas continuam", segundo afirmou Alexandra Hildebrandt, diretora e proprietária do museu localizado no antigo posto de fronteira das forças aliadas Checkpoint Charlie, no centro de Berlim.
Entre os nomes recém-incorporados à lista está o de Klaus Kühne, morto a tiros em 20 de março de 1962, quando tentava chegar a nado ao Ocidente. Outro também incluído este ano na estatística é um capitão do Exército da Alemanha Oriental, que se suicidou poucas horas depois do início da construção do Muro.
Lenha na fogueira
A nova lista bota lenha na fogueira de uma antiga controvérsia em torno do número exato de vítimas mortais da divisão entre as duas Alemanhas. O Registro Central de Criminalidade Estatal e Institucional, localizado na cidade de Salzgitter (instituição criada pela Alemanha Ocidental ainda na época da Guerra Fria para investigar crimes da Alemanha Oriental), contabiliza 872 vítimas mortais no Muro de Berlim e na fronteira entre os dois países. A estatística inclui não somente os fugitivos, que são maioria, mas também soldados de fronteira.
O historiador Klaus Schroeder, da Universidade Livre de Berlim, também acredita que o número oficial de pessoas que morreram ao tentar atravessar o Muro de Berlim deve ser corrigido para cima. "As vítimas que tentaram fugir por outros países, como Bulgária ou Iugoslávia, quase não são pesquisadas, afirmou o historiador em entrevista ao jornal alemão Mitteldeutsche Zeitung. Ele acredita que o número correto estaria em torno de mil pessoas.
Entretanto, Schroeder rejeita as estatísticas apresentadas por Hildebrandt. Para ele, a diretora do museu berlinense tem "um conceito amplo demais do que é uma vítima do Muro". Entre os mortos contabilizados por Alexandra Hildebrandt, observa o historiador, há também, por exemplo, vítimas de ataque cardíaco durante o controle de fronteiras.
O diretor da Fundação Muro de Berlim, Axel Klausmeier, tem opinião similar. Segundo ele, Hildebrandt não pode comprovar de forma plausível quais critérios foram utilizados em sua investigação.
Cerimônias em Berlim lembraram vítimas
No aniversário de 49 anos do início da construção do Muro de Berlim, em 13 de agosto de 1961, cerimônias realizadas em diversos pontos da capital alemã lembraram as vítimas da antiga fronteira interna. Os eventos contaram com a presença do prefeito da cidade, Klaus Wowereit, e de representantes das vítimas, da Igreja e de partidos políticos.
Símbolo da divisão alemã, o Muro começou a ser construído apenas dois meses depois que o antigo líder da Alemanha Oriental, Walter Ulbricht, proclamou a célebre frase: "Ninguém tem intenção de construir um muro".
Chamado pela ditadura socialista de "muro de proteção antifascista", a construção deveria evitar o esvaziamento da economia da Alemanha Oriental. Cerca de 1,6 milhão de pessoas haviam fugido para o Ocidente, através de Berlim, entre 1949 e 1961. Mesmo depois da construção e apesar dos perigos, mais de 5 mil pessoas conseguiram escapar para o Ocidente até a queda do Muro, em 1989.
Autor: MD/ap/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque