O Brasil na imprensa alemã (02/03)
2 de março de 2022FAZ – Bolsonaro poupa Putin (28/02)
Pela primeira vez desde o início da ofensiva militar russa, o presidente Jair Bolsonaro falou publicamente sobre o ataque à Ucrânia. "Nós não podemos interferir", disse ele a jornalistas no domingo. O Brasil permanece neutro. Quer a paz, mas é contra sanções que teriam efeitos negativos para o país. Bolsonaro, que pouco antes da invasão russa visitou o presidente Vladimir Putin e se sentou junto à mesinha "em solidariedade com a Rússia", parecia até proteger o governante do Kremlin.
Quando questionado sobre o "massacre" na Ucrânia por um jornalista, ele falou que seria um exagero, dizendo que nenhum chefe de Estado estava interessado em um massacre. "Grande parte da população ucraniana fala russo." Ambos os países são nações irmãs, disse ele, que também zombou do fato de os ucranianos terem deixado seu destino nas mãos de um comediante [Volodimir Zelenski]. A imprensa estatal russa recebeu com gratidão as palavras de Bolsonaro.
Os motivos de Bolsonaro são principalmente econômicos. A agricultura do Brasil usa grande quantidade de fertilizantes – e cerca de um quarto deles vem da Rússia. Para alguns tipos de fertilizantes, a dependência é ainda maior. No ano passado, o Brasil gastou 3,5 bilhões de dólares em fertilizantes importados da Rússia. O corte dessas entregas é considerado um cenário catastrófico para a agricultura brasileira, que também tem influência política. Os aumentos maciços de preços desde o início da guerra, por si só, estão causando problemas para os principais produtores do Brasil e, provavelmente, contribuirão para o aumento dos preços dos alimentos e rações de animais.
FAZ – "Tudo explodiu de um dia para o outro" (01/03)
Um grupo de jogadores de futebol brasileiros e suas famílias desembarcaram em seu país na terça-feira após fugir da guerra na Ucrânia por vários dias. "O pior foi tudo aquilo que vimos na estrada, pessoas morrendo, pessoas que não tinham nada a ver com situação", disse Pedrinho, atacante do Shakhtar Donetsk, após chegar em São Paulo. "Estava com minha filha de quatro meses e só queria que ela ficasse bem. Imagens de terror, cidades destruídas, isso é o que fica na cabeça", contou o jovem de 23 anos.
Treze profissionais do Shakhtar, um dos principais times ucranianos, viajaram primeiramente com dezenas de outras pessoas de trem e, depois, de ônibus para a Romênia, de onde pegaram seus voos para o Brasil. Quando a Rússia invadiu a Ucrânia na última quinta-feira, os brasileiros do Shakhtar e dois jogadores do Dínamo de Kiev – o uruguaio Carlos de Peña e o brasileiro Vitinho – se refugiaram em um hotel com suas famílias e pediram ajuda ao governo brasileiro para sair do país.
"Tudo explodiu de um dia para o outro. Na quinta-feira de manhã estávamos em casa quando ouvimos as bombas e os aviões, e foi aí que começou o pesadelo", disse Peña. "Não foi fácil coordenar o transporte, porque havia muitas pessoas desesperadas, muitos fugindo e tropas russas se aproximando da capital."
Depois de três dias no hotel, os jogadores embarcaram em uma viagem de trem de 17 horas e, depois, de 15 horas de ônibus com a ajuda da Uefa para chegar à Romênia. "Estava muito escuro quando saímos, não sabíamos o que esperar", disse o jogador do Shakhtar Maycon, que continua preocupado com seus companheiros de equipe ucranianos. "Temos grandes amigos lá, sinto muito por eles. Eu realmente espero que tudo dê certo."
Tagesschau – Moraes, jogador do Donetsk, doa dinheiro após fuga bem-sucedida (01/03)
Após sua fuga bem-sucedida da Ucrânia, o jogador brasileiro Júnior Moraes doou o equivalente a 47.600 euros [quase 275 mil reais] para ajuda humanitária na região devastada pela guerra, segundo a mídia local. O atacante de 34 anos do Shakhtar Donetsk se naturalizou há três anos no país do Leste Europeu e disputou onze partidas internacionais pela sua nova pátria.
Moraes, que também jogou pelo Metalurg Donetsk e Dínamo de Kiev, fugiu de Kiev para a vizinha Moldávia com sua família e outros jogadores brasileiros na segunda-feira (28/02), antes da invasão russa. Devido à sua dupla nacionalidade, ele corria o risco de ter que participar do combate [contra as tropas russas] após a mobilização decretada pelo presidente da Ucrânia.