O câncer na batata frita
5 de dezembro de 2002Segundo o secretário do Ministério de Defesa do Consumidor, Alexander Müller, um grupo de produtos reconhecidos como extremamente afetados será incluído numa "estratégia de minimização" dos governos federal e estaduais, visando reduzir a contaminação a níveis aceitáveis.
Entre os alimentos pesquisados, as batatas fritas são as que apresentam o maior nível de acrilamida. Mas também em outros artigos, como batata palha, torrada, biscoitos ou bolachas cracker, é elevado o teor de acrilamida. Em grau menor, a substância é constatada também na cerveja, na granola (incluindo sucrilho, aveia ou outros cereais), nas cebolas fritas.
As autoridades alemãs vão examinar, em conjunto com os fabricantes dos produtos afetados, quais são as mudanças necessárias no processo de produção, a fim de minimizar o teor de acrilamida. Nesta estratégia serão incluídos todos os produtos com mais de 1000 microgramas de acrilamida por quilo. O governo alemão não pretende, no momento, estipular um valor máximo de tolerância para a substância.
Alarme sueco
Cientistas suecos foram os primeiros a divulgar – em meados do corrente ano – que batatas fritas e outros alimentos ricos em carboidratos contêm a substância chamada acrilamida, que pode provocar câncer. A acrilamida se forma quando os carboidratos são aquecidos em certos processos culinários, como o de fritar, assar ou grelhar.
O fato de existir grandes variações no teor de acrilamida entre diversas marcas de produtos alimentícios oferecidos no mercado confirma que a técnica de produção é responsável pelo nível de contaminação. Mas também as frituras domésticas de produtos frescos à base de carboidratos podem conter um alto teor da substância. As autoridades alemãs estão propalando, por isto, o lema "dourar em vez de torrar" como diretriz para evitar um grau elevado de acrilamida.
Reação do governo e da indústria
Alguns cientistas e organizações de defesa do consumidor manifestaram-se criticamente a respeito da reação oficial. As autoridades governamentais preferem dar à indústria alimentícia a chance de um controle voluntário do teor de acrilamida e de uma solução própria do problema. O estabelecimento de níveis máximos de tolerância só será feito se a indústria não agir em defesa da saúde pública.
Até agora, apenas uma parte dos fabricantes demonstrou-se sensibilizada para o problema. A maioria cruzou os braços em compasso de espera, desde que o assunto veio à tona. Para o farmacêutico Edgar Schömig, de Colônia, é incompreensível a atitude assumida pelo Ministério de Defesa do Consumidor, que sequer divulgou uma lista com os nomes dos produtos mais afetados.