O homem do capacete vermelho
12 de outubro de 2003Nascido em 3 de janeiro de 1969 na pequena cidade alemã de Hürth, na periferia de Colônia, o piloto alemão Michael Schumacher começou a andar de kart aos cinco anos. Seu irmão Ralf o acompanhou nesta paixão. Em 1984, Michael ganhou o Campeonato Alemão de Juniores, repetiu a vitória em 1985 e 1987, quando também conquistou o Campeonato Europeu. Enquanto acumulava vitórias nas pistas, Michael formou-se em mecânica automobilística. Em 1991, estreou finalmente na Fórmula 1 pela Jordan no GP da Bélgica.
Quis o destino que a morte de Ayrton Senna em 1994 deixasse a pista livre para o surgimento do novo rei da F-1. No mesmo ano, Schumi tornou-se o primeiro piloto alemão a sagrar-se campeão mundial de Fórmula 1. E que pioneiro! De 1992 – sua primeira temporada – a 2003, foram 12 campeonatos, metade deles encerrada à frente dos concorrentes.
Schumacher não difere da maioria dos homens públicos. Também gosta e precisa manter a forma através de musculação, esportes aeróbicos e de coordenação para gastar as calorias do macarrão que adora. Sua ótima condição física é sustentada por seus hobbies: dançar (de preferência ao som de rock), futebol, bicicleta, esqui, tênis e kart, claro. Além do mais, está sempre acompanhado por sua fisioterapeuta e adotou uma alimentação saudável, para adiar as máculas do tempo.
Psicoterapia igualmente faz parte da dieta. Tudo isto o ajuda a manter a concentração e a calma nos momentos difíceis. O medo, porém, não faz parte da sua realidade. Tem respeito por determinadas situações, mas isto não tem nada a ver com medo, assegura o piloto. Sua esposa Corinna, que o conheceu nas pistas e sabe dos riscos do automobilismo, aceita e apoia a profissão do marido.
Revelando uma outra personalidade
Ao longo de sua carreira, Schumacher teve altos e baixos. No início, era tido como indisciplinado, arrogante e até mesmo desleal. Mas os anos passaram e Schumi, como os alemães docemente o chamam, foi assumindo uma personalidade mais sóbria e receptiva. O sorriso muitas vezes forçado tornou-se natural, espontâneo. Fez as pazes com a mídia e multiplicou seu patrimônio como garoto-propaganda de marcas famosas. Até mesmo velhos críticos, como o ex-piloto austríaco Gerhard Berger, fã de Senna, rendeu-se nos últimos anos ao talento e à pessoa do alemão.
Quantidade impressionante de recordes e vitórias povoam a vida de Michael Schumacher. São reflexo de seu talento nas pistas. Fora delas, Schumi quase sempre demonstrou frieza profissional. Poucas vezes permitiu-se mostrar emoções de entusiasmo. Por outro lado, soube até hoje como poucos pilotar sua vida familiar e privada de forma reservada, evitando que a fama a tornasse vulnerável.
As aparentes distância e frieza iniciais foram apenas escudos estratégicos contra os atrevimentos da mídia sensacionalista. No fundo, é uma pessoa tímida e muito apegada à família, com quem vive na Suíça. Nas férias de fim de ano, em vez de desfilar sob flashes em festas da alta sociedade, prefere o anonimato, refugiando-se muitas vezes em pleno inverno num chalé nas montanhas nevadas da Escandinávia.
Michael quebrou um pouco do gelo superficial sobre sua vida particular somente em fevereiro, ao lançar seu livro Schumacher - Driving Force. Nele, revela haver muitas outras faces por dentro do capacete vermelho da Ferrari. Textos e fotos produzidos por profissionais de confiança compuseram com fidelidade seu perfil pessoal. Cenas em família - em que Corinna (com quem está casado desde 1995) e seus dois filhos pequenos, Gina Maria e Mick, aparecem em momentos íntimos - são a atração do livro.
As imagens escolhidas cuidadosamente abrem uma janela para sua privacidade. Seu comportamento discreto, porém, não vai mudar, avisa o agora hexacampeão. Não por acaso, o livro é calmo, equilibrado e apaixonado como o corredor.