O país que Donald Trump promete
10 de novembro de 2016Como candidato à presidência dos EUA, o republicano Donald Trump fez muitas promessas controversas. Em algumas delas, ele voltou atrás durante a campanha, mas outros pontos polêmicos parecem continuar válidos. Entre eles, estão a construção de um muro na fronteira com o México, a expulsão de imigrantes ilegais dos EUA, um controle mais severo da entrada de estrangeiros no país, a redução de impostos e o fim do ObamaCare.
Livre comércio
"America First" – Para Trump, o próprio país vem em primeiro lugar. Ele defende uma política protecionista para reforçar a economia dos EUA. Ele quer proteger o país de produtos estrangeiros e considera o livre comércio prejudicial.
Por isso, Trump quer renegociar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) com o Canadá e o México, ou mesmo sair do acordo. Quanto ao Acordo Transpacífico, entre EUA e 11 outros países do Pacífico, cujas negociações foram concluídas um ano atrás, Trump disse que quer, definitivamente, sair dele.
Além disso, ele pretende introduzir tarifas para desencorajar que as empresas americanas produzam no exterior e depois introduzam as mercadorias no país com isenção de impostos.
Migração
Em seu plano para os primeiros cem dias no cargo, Trump anunciou que irá iniciar logo a deportação de "dois milhões de imigrantes criminosos e ilegais". Quem for deportado e entrar ilegalmente nos Estados Unidos, deve pegar, segundo ele, pelo menos dois anos de prisão.
Já no primeiro dia no cargo, Trump pretende suspender a imigração de "regiões propensas ao terrorismo". Os controles de segurança para imigrantes, de um modo geral, deverão ser mais severos. Trump também chegou a defender que muçulmanos sejam proibidos de entrar no país.
México
"Se não temos uma fronteira, não temos um Estado", disse Trump em um vídeo de campanha. Ele comparou as instalações fronteiriças a um queijo suíço. Diversas vezes, Trump anunciou que iria construir na fronteira sul do país um muro para impedir a entrada de imigrantes ilegais e o tráfico de drogas. E o México deveria reembolsar os EUA pelo custo do muro.
Otan
Durante a campanha eleitoral, Trump repetidamente fez críticas à Otan e questionou, entre outras coisas, o motivo de os EUA sempre terem que assumir papel de liderança. Em uma entrevista ao New York Times, ele afirmou que alguns membros da Otan não estariam pagando suas contribuições. Quando questionada se os EUA iriam ajudar militarmente os países-membros da organização – como é obrigação contratual –, Trump disse que "se eles cumprirem suas obrigações em relação a nós, então a resposta é sim".
Clima
No primeiro debate de TV com Hillary Clinton, Trump afirmou que ele nunca disse considerar a mudança climática uma invenção dos chineses. Um de seus tweets de 2012 prova o contrário.
Repetidamente, Trump chamou o aquecimento global de fraude. Para "proteger os trabalhadores americanos", Trump quer, de acordo com o seu plano de cem dias, cortar bilhões em pagamentos a programas de mudança climática das Nações Unidas e usar o dinheiro, em vez disso, em programas de infraestrutura ambiental e hidráulica em seu próprio país. Em maio, ele havia anunciado planos para sair do Acordo do Clima de Paris, o que legalmente não deve ser algo tão fácil.
Executivo e Legislativo
Em seu primeiro dia como presidente, Trump quer anular cada um dos decretos "inconstitucionais" de Barack Obama. Também tem a intenção de congelar o número de funcionários públicos e sugeriu a limitação do mandato de membros do Congresso.
Energia
Acompanhando sua abordagem sobre o clima, ele quer aprovar projetos energéticos "indispensáveis", como o controverso oleoduto Keystone. Obama havia rejeitado o projeto, devido a preocupações com a proteção climática. Além disso, ele quer suspender restrições, para que as reservas do país de petróleo, gás natural, xisto e carvão sejam exploradas e, assim, novos empregos sejam criados.
Impostos
Trump quer alcançar um crescimento econômico de 4% ao ano e criar ao menos 25 milhões de novos postos de trabalho. Isso deve ser obtido, entre outras coisas, através de reduções de impostos. Os impostos corporativos devem ser reduzidos de 35% para 15% para encorajar mais empresas a permanecerem nos Estados Unidos. O imposto de renda deve ser limitado a 33% para pessoas com rendimentos elevados, e trabalhadores com baixos salários devem, em parte, ficar isentos. Uma família de classe média com dois filhos terá que pagar 35% menos impostos. Os americanos mais ricos, segundo levantamento da revista Forbes, vão economizar anualmente 275 mil dólares em impostos, e os mais pobres, 128 dólares.
Seguro de saúde
Várias vezes, Trump anunciou que iria abolir um dos pontos mais importantes da gestão de Obama: o seguro de saúde que recebeu seu nome, o ObamaCare, o substituindo por um sistema próprio.
Aborto
Em março, Trump afirmou que o aborto deveria ser ilegal e que mulheres ou médicos deveriam "de alguma forma" ser punidos. Sua campanha afirmou mais tarde que apenas aqueles que realizam um aborto ilegal deveriam ser punidos, mas não as mulheres. Ele pretende cortar fundos da Planned Parenthood – organização de saúde que também opera, entre outras, clínicas de aborto – e quer permitir abortos somente em casos excepcionais. Essas exceções seriam estupro, incesto e perigo para a vida da mãe. Ele também quer nomear juízes para a Suprema Corte que sejam contra o aborto.
Armas
A Segunda Emenda da Constituição é sagrada para Trump. O texto protege o direito à posse de armas. "Se eu for presidente vocês podem contar cem por cento com isso [a proteção do direito]", disse Trump num vídeo de campanha.
Processos judiciais contra adversários
No segundo debate televisivo, Trump ameaçou levar Hillary à prisão pelo caso dos seus e-mails. "Se eu ganhar, vou instruir meu procurador-geral para que um promotor especial lide com sua situação", disse a ela.
Durante seu discurso sobre o plano de cem dias, ele também anunciou que vai processar as mulheres que foram a público o acusando de assédio sexual. Ele as chamou de mentirosas.