O peso da rejeição no segundo turno
20 de outubro de 2018Um quarto dos eleitores do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e um quinto dos que pretendem votar em Fernando Haddad (PT) apontam a rejeição ao PT ou ao ex-capitão como uma das razões para a escolha, aponta pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (20/10).
Apenas 12% dos apoiadores de Bolsonaro e 15% dos de Haddad disseram fazer tal opção por considerar que o candidato escolhido tem o melhor conjunto de propostas ou plano de governo. Trata-se do quinto e do segundo motivos mais citados pelos eleitores dos candidatos do PSL e do PT, respectivamente.
O levantamento considerou as respostas espontâneas às perguntas "Por quais motivos você pretende votar em ...? Por quais outras razões? Como assim", sendo possível citar múltiplas explicações para o voto.
Além da rejeição ao PT – que cresce quanto maior a renda e a faixa etária –, o desejo de mudança, de renovação ou alternância de poder é decisivo para grande parte (30%) dos que declararam voto em Bolsonaro. Segundo o último levantamento do Datafolha, o candidato conta com 59% dos votos válidos.
Entre os eleitores do ex-capitão, 17% mencionaram suas propostas de seguranças como motivo para o voto. A política proposta por Bolsonaro para a área consiste num tripé baseado em leis mais duras, licença para matar e armamento da população.
A imagem e os valores pessoais defendidos pelo candidato do PSL foram mencionados por 13% dos entrevistados, chegando a 17% entre os eleitores evangélicos. Outra razão bastante citada (10%) foi o combate à corrupção prometido pelo ex-capitão.
A rejeição a Bolsonaro, por sua vez, é maior entre os eleitores de Haddad mais jovens (29% dos que têm até 29 anos) e mais escolarizados (35% dos que têm ensino superior). A proporção também cresce à medida que aumentar a renda.
O plano de governo do petista – que segundo o último levantamento Datafolha conta 41% das intenções de voto – é o segundo motivo mais citado (15%) para votar nele. A seguir, vem o alinhamento ao partido (13%) e a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (11%).
Lula está preso desde 7 de abril, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Após ter sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa, o ex-presidente indicou Haddad como seu substituto para encabeçar a chapa petista.
Além da ligação com Lula, também conta para eleitores de Haddad (11%) a capacidade do ex-prefeito de São Paulo de governar. Dos entrevistados favoráveis ao petista, 7% se identificam com a imagem e os valores pessoais defendidos pelo candidato.
Em outra pesquisa divulgada pelo Datafolha na última quinta-feira, os entrevistados foram questionados em qual dos dois presidenciáveis eles votariam com certeza, talvez votassem ou não votariam de jeito nenhum.
Segundo o levantamento, 48% votariam com certeza em Bolsonaro, enquanto 33% responderam o mesmo sobre Haddad. Outros 10% afirmaram que talvez votassem no candidato do PSL, contra os 12% que disseram talvez votar no presidenciável petista.
A rejeição de Haddad, no entanto, que era mais baixa do que a de Bolsonaro nas pesquisas antes do primeiro turno, agora supera a do ex-militar. Segundo o Datafolha, 54% não votariam de jeito nenhum no candidato do PT, enquanto 41% disseram o mesmo sobre seu adversário.
Bolsonaro obteve 46% dos votos no primeiro turno, contra 29% de Haddad. Ambos disputam o segundo turno no próximo domingo, 28 de outubro.
Principais razões para votar em Bolsonaro:
- Renovação/mudança/ alternância de poder (30%)
- Rejeição ao PT (25%)
- Propostas de segurança (17%)
- Imagens e valores pessoais (13%)
- Plano de governo (12%)
- Combate à corrupção (10%)
Principais razões para votar em Haddad:
- Rejeição a Bolsonaro (20%)
- Plano de governo (15%)
- Alinhamento ao partido (13%)
- Experiência e capacidade de governar (11%)
- Por causa de Lula (11%)
- Imagem e valores pessoais (7%)
LPF/ots
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