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Fraternidade Pio 10º

27 de junho de 2009

Após o papa Bento 16 ter recebido severas críticas por ter suspendido a excomunhão de quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio 10º, esse agrupamento ultraconservador da Igreja católica voltou a ser notícia.

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Foto: picture-alliance / dpa / DWMontage

A Fraternidade Sacerdotal São Pio 10º, fundada pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre (1905-1991), condena a renovação da Igreja Católica. O principal ponto de discórdia é a liturgia, mas os ultraconservadores também rejeitam o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, além de insistirem na verdade absoluta da fé católica. Seus opositores criticam isso como um pensamento medieval e antidemocrático.

O Concílio Vaticano 2º (1962-1965) alterou as cerimônias da missa, renovando o rito que vigorara durante 450 anos, desde o Concílio de Trento, em meados do século 16. A reforma realizada pelo papa Paulo 6º em 1970 não proibiu, no entanto, o exercício das práticas litúrgicas revogadas.

De acordo com as novas regras, as principais orações passaram a ser rezadas no idioma do país onde a missa é celebrada, e não mais em latim, como vigorava até então. A ideia era simplificar a liturgia, abrir maior liberdade de opção e permitir à comunidade católica participar mais ativamente das missas.

A Fraternidade Sacerdotal São Pio 10º, fundada em 1970, reivindica o retorno ao rito tridentino. Segundo os tradicionalistas, seu mentor Lefebvre condenava a nova forma da missa como "um veneno nocivo à fé". O papa Pio 10º, homenageado no nome da fraternidade, fez da luta contra as correntes moderadas da Igreja um ponto central de seu pontificado.

Segundo informações próprias, a Fraternidade Sacerdotal São Pio 10º integra 200 padres e 600 mil fiéis em todo o mundo. Com sedes fixas em 31 países, ela administra seis seminários de padres, além de escolas e asilos para a terceira idade.

Em 17 de junho de 1988, apesar de protestos por parte do Vaticano, o arcebispo Lefebvre consagrou quatro bispos, entre os quais o atual superior da fraternidade, Bernard Fellay, da Suíça, e o inglês Richard Williamson. Anteriormente, tentativas de consenso entre o Vaticano e a fraternidade haviam fracassado. O desacato às determinações papais levou à excomunhão de Lefebvre e dos quatro bispos consagrados sem permissão oficial.

No fim de janeiro de 2009, o papa Bento 16 suspendeu a excomunhão dos bispos, a fim de "incentivar a unidade no amor da Igreja universal e reverter o escândalo da cisão".

Richard Williamson, um dos bispos reabilitados por Bento 16, negou a veracidade histórica do Holocausto e está sendo processado pela Promotoria de Regensburg por crime de incitação.

Numa entrevista concedida à televisão no ano passado, em Zaitzkofen, Williamson havia relativizado drasticamente o extermínio de judeus nas câmaras de gás dos campos de concentração nazistas. O superior Fellay declarou que essa é uma opinião pessoal de Williamson e que a Fraternidade Sacerdotal São Pio 10º seria uma comunidade religiosa e não política.

SL/epd/dpa
Revisão: Alexandre Schossler