O sonho olímpico de Leipzig
16 de julho de 2003Esta foi provavelmente a missão mais importante na carreira de Joachim Nitschke, carteiro de Leipzig, no Leste alemão: levar a carta endereçada ao chevalier dr. Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional (IOC), em Lausanne. Através dela, Leipzig candidatou-se oficialmente a tornar-se sede dos Jogos Olímpicos de 2012, ao lado de Havana, Istambul, Londres, Madri, Moscou, Nova York, Paris e Rio de Janeiro.
Comparada com as metrópoles concorrentes, a cidade alemã é relativamente modesta, contando apenas 500 mil habitantes. Mas isso não abala a confiança de seu prefeito, Wolfgang Tiefensee. Pelo contrário, ele considera a proximidade e intimidade um trunfo: "Os jogos acontecerão tendo os anfitriões bem ao lado, o que proporcionará aos atletas condições ideais e caminhos curtos. Decisivo para nossa oferta ao IOC é que esporte e esportistas estarão no coração da cidade, e esperamos convencer com este argumento".
Tiefensee baseia seu otimismo nos enormes progressos feitos por Leipzig nos últimos 14 anos, desde o fim do regime comunista da República Democrática Alemã. Ele anuncia um segundo milagre, comparável à alegria da unificação da Alemanha, esperança compartilhada por mais de 90% da população, que apoiaram a candidatura. Precisamente neste fato reside um segundo trunfo: os atletas certamente serão recebidos com grande calor humano em Leipzig.
Grandes expectativas, enormes desafios
Entretanto ainda é longo o caminho, até o dia em que Rogge anunciará ao mundo o local onde em 2012 os melhores esportistas do mundo concorrerão a medalhas de ouro, prata e bronze. O processo transcorre em duas etapas. Após haver pago, até o final de agosto, a taxa de inscrição de 150 mil euros, os candidatos precisam qualificar-se para decisão final: em meados de 2004, o IOC selecionará cinco ou seis cidades dentre as atuais nove concorrentes.
A partir daí elas poderão utilizar os anéis olímpicos para fins de publicidade e divulgação. A decisão final está marcada para 6 de julho de 2005, em Cingapura.
Leipzig também depende do apoio do governo federal na realização de seus sonhos olímpicos. O ministro do Interior, Otto Schily, responsável por assuntos ligados a esporte de ponta, visitou aquela cidade diversas vezes, nos últimos tempos, numa demonstração de empenho pela causa: "Somente em Leipzig, financiamos a construção de instalações esportivas no valor de 64 milhões de euros. A mobilidade também é importantíssima para esse tipo de decisão. Assim, a partir de 2003, o Ministério dos Transportes aplicará 2,8 bilhões de euros no sistema de trânsito da cidade", relatou Schily.
Leipzig está diante de uma série de desafios. Entre eles, provar que pode garantir acomodações para os 42 mil participantes da Olimpíada. E atualizar seu projeto de distribuição dos estádios, pois o IOC não deseja a entrega de medalhas a mais de 10 quilômetros do Centro Olímpico. A única exceção serão as provas de iatismo, em Rostock, à beira do Mar Báltico. Mas nada disso constitui obstáculo para o prefeito Tiefensee: "Temos uma visão, aprendemos a arregaçar as mangas e a transformar essa visão num projeto realizável. [...] A City 2012 é Leipzig!"