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Obama diz sim a casamento homossexual e arrisca perder votos

10 de maio de 2012

O apoio público de Barack Obama ao casamento entre homossexuais é um marco simbólico importante, mas é um risco político que pode repercutir no resultado da eleição presidencial de novembro.

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In this May 8, 2012, photo, President Barack Obama speaks at the Asian Pacific American Institute for Congressional Studies dinner in Washington. Obama’s campaign is trying an "all of the above" strategy against Mitt Romney. It is criticizing the Republican’s character, wealth and policy positions in attacks that may become more focused as the fall election nears. (Foto:Carolyn Kaster/AP/dapd).
US-Präsident Barack Obama hat sich erstmals öffentlich dafür eingesetzt, dass Schwule und Lesben heiraten könnenFoto: dapd

Barack Obama optou por correr um risco em pleno ano eleitoral. Um dia depois de um plebiscito no estado da Carolina do Norte ter definido por clara maioria o casamento entre pessoas do mesmo sexo como inconstitucional, o presidente norte-americano partiu para a ofensiva.

Em entrevista à rede ABC News, Obama disse que apoia o direito de casamento de pares do mesmo sexo. A afirmação provocou uma onda de indignação de setores conservadores e aplausos de progressistas e de organizações de defesa dos direitos de gays e lésbicas.

Os evangélicos e conservadores − eleitores importantes, por serem especialmente ativos − condenaram o apoio de Obama ao casamento gay como uma fraude eleitoral, lembrando que ele se pronunciara contra quando era candidato em 2008. Duas figuras proeminentes do setor conservador, Tony Perkins e Ralph Reed, classificaram prontamente a declaração de Obama como um presente eleitoral para Mitt Romney.

As organizações norte-americanas de defesa dos direitos de homossexuais, assim como os democratas progressistas, receberam a declaração como a tão esperada mudança de atitude de Obama. Ativistas dos direitos de gays e lésbicas falaram em um dia histórico, no qual Obama se tornava o primeiro presidente do país a aprovar publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Um processo longo

O sim público do presidente norte-americano ao casamento gay marca o fim preliminar de um longo e complicado processo de desenvolvimento de Barack Obama. Na campanha eleitoral de 2008, ele havia falado ser contra o casamento gay, mas a favor das uniões civis.

Desde então, houve, aparentemente, uma mudança lenta, mas constante, na posição de Obama. Nos últimos anos, perguntas sobre sua opinião em relação ao casamento gay geralmente vinham sendo respondidas com a frase: "a posição de Obama se encontra em fase de desenvolvimento". Agora, o presidente declarou que, depois de cuidadosa consideração e muitas conversas com sua família e amigos, chegou à conclusão que a casais do mesmo sexo pode ser permitido o casamento.

Aparentemente, Obama pretendia somente anunciar sua mudança de opinião na Convenção Nacional do Partido Democrata, agendada para setembro na Carolina do Norte. Mas depois de o vice-presidente, Joe Biden, ter expressado seu total apoio ao casamento gay em uma entrevista publicada no fim de semana, desencadeando uma grande repercussão na imprensa, a pressão sobre a Casa Branca se tornou grande demais. A proibição do casamento gay na Carolina do Norte teria aumentado essa pressão ainda mais, fazendo com que Obama decidisse não esperar até setembro.

epa03096109 Community supporters of gay rights hold signs that read 'I Do Support the Freedom to Marry' gather at Los Angeles City Hall after US Court of Appeals upholds Federal District Court ruling that Proposition 8 which prohibited gay and lesbian couples from marrying is unconstitutional in Los Angeles, California, USA, 08 February 2012. EPA/MICHAEL NELSON
Ativistas americanos pelo casamento homossexual: eleitores importantes para ObamaFoto: picture-alliance/dpa

Aposta política

Apesar de seu alto valor simbólico, a declaração de Obama não tem qualquer implicação política ou legal concreta. Porque a nível federal a chamada Defense Marriage Act de 1996 proíbe o reconhecimento do casamento homossexual. Os estados têm liberdade para fazer suas próprias leis sobre o casamento gay. Atualmente, 29 estados dos EUA proíbem o casamento homossexual, enquanto ele é permitido em seis estados e na capital.

Taticamente, o posicionamento de Obama é arriscado em relação à eleição de novembro, contra Mitt Romney. A posição de Obama garante ao presidente o apoio das organizações gays e da ala esquerda de seu partido. Sua declaração é um argumento importante de apoio para ambos os grupos, que vinham acompanhando a política de Obama de forma crítica, mas cujos votos e doações são trunfos eleitorais indispensáveis para o líder democrata.

Por outro lado, entretanto, a atitude pode diminuir suas chances eleitorais junto aos eleitores moderados indecisos, especialmente nos mais disputados, como Carolina do Norte, Virgínia, Flórida e Ohio. Afinal, o casamento gay não foi só proibido por plebiscito na Carolina do Norte, mas também na Flórida e em Ohio.

População dividida

Pesquisas de opinião realizadas regularmente refletem o quanto o casamento gay é polêmico nos Estados Unidos. De acordo com o Instituto Gallup, antes da votação na Carolina do Norte, 50% dos norte-americanos apoiavam a legalização do casamento gay, enquanto 48% eram contra.

O "sim" de Obama ao matrimônio homossexual pode, por isso, detonar uma bomba eleitoral. Mas a declaração do presidente pode ser decisiva somente no caso de uma eleição muito apertada. Porque, apesar de ser um tema politicamente explosivo, os assuntos mais decisivos para o eleitorado continuam sendo a situação econômica e o desemprego.

Autor: Michael Knigge (md)
Revisão: Roselaine Wandscheer