Obama e Erdogan insistem na renúncia de Assad
17 de maio de 2013O presidente dos EUA, Barack Obama, e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reiteraram nesta quinta-feira (16/07) o pedido para que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, deixe o poder e abra caminho para uma solução pacífica para o conflito que, segundo ativistas, já matou mais de 90 mil pessoas.
O encontro dos dois líderes em Washington aconteceu em meio aos esforços internacionais para reunir o governo sírio e os rebeldes em conversações de paz nas próximas semanas, visando o fim da sangrenta guerra civil que assola a Síria.
Em entrevista à imprensa na Casa Branca, Obama e Erdogan reafirmaram a necessidade da renúncia de Assad. Mas o presidente americano alertou que "não existe uma fórmula mágica para lidar com uma situação extraordinariamente violenta e difícil como a da Síria".
A Turquia chegou a propor, antes da visita de Erdogan aos EUA, o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre a Síria, mas Obama não chegou a comentar esse ponto.
O presidente americano reluta em fornecer armamentos e munições aos rebeldes, por temer que as armas acabem chegando a grupos extremistas, como a Al Qaeda.
Após o encontro com Erdogan, Obama não deu sinais de mudança em sua postura. "Ambos concordamos que Assad deve renunciar. Esse é o único modo de resolver essa crise", ressaltou.
"Generosidade" turca
Obama tem feito grandes esforços para agradar Erdogan, uma vez que o governo turco dá sinais de frustração quanto à abordagem cautelosa adotada pelos americanos em relação ao regime de Assad.
A Turquia recebe e abriga milhares de refugiados sírios, razão pela qual Obama elogiou o que chamou de "generosidade" da Turquia, afirmando que os EUA continuarão a contribuir com os custos da ajuda humanitária.
Centenas de milhares de sírios cruzaram a fronteira de seu país com a Turquia para escapar dos violentos combates no próprio país. Apenas metade dos que buscaram exílio na Turquia estão em campos de refugiados. A outra parte se concentrou nas cidades ao longo dos 9 mil quilômetros de fronteira entre os dois países.
Segundo as Nações Unidas, o número de refugiados sírios na Turquia poderá chegar a 1 milhão até o final do ano.
Pressões internas
Erdogan está sob grande pressão em seu país após os ataques no último fim de semana na cidade fronteiriça de Reyhanli. O governo turco atribuiu a agressão a terroristas ligados ao regime de Assad.
Desde os ataques, manifestações e protestos foram realizados em Reyhanli, assim como em outras cidades próximas. Os manifestantes culpam a política de apoio aos rebeldes sírios, adotada pelo governo de Erdogan, afirmando que ela é responsável pelos problemas de segurança interna.
Os líderes mundiais têm esperanças de que a Rússia, país parceiro do regime de Assad, possa persuadir os sírios a participar das negociações e pôr fim aos conflitos que, segundo ativistas dos direitos humanos, já causaram mais de 94.000 mortes.
O presidente russo Vladimir Putin tem encontro marcado com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, nesta sexta-feira.
A Rússia votou contra uma moção da Assembleia Geral da ONU para condenar o que os poderes árabes e ocidentais denunciaram como escalada dos ataques a civis. Para o desgosto dos russos, a moção acabou sendo aprovada.
Dessa vez, apenas 107 países votaram a favor, em vez dos 133 que haviam aprovado medidas semelhantes em agosto de 2012.
Esforço internacional
Na França, o presidente François Hollande afirmou que serão necessários grandes esforços para convencer Moscou a abandonar seu apoio a Assad. "Temos que discutir abertamente com a Rússia para convencê-la que é do seu interesse, assim como do interesse de sua região e da paz, dar fim ao regime de Bashar al-Assad", afirmou.
A Jordânia anunciou que, na próxima semana, receberá o grupo Amigos da Síria, que reúne ministros do Exterior de 11 países-chave, como o Egito, Catar, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Turquia e Alemanha.
Membros de alto-escalão dos governos americano, britânico e francês se reuniram nesta quinta-feira em Washington para preparar a conferência de paz.
RC/afp/ap/rtr/lusa