Obama ou McCain? UE adverte contra expectativas exageradas
1 de novembro de 2008Pesquisas de opinião revelam que, se os europeus pudessem votar na próxima terça-feira (4/11) na eleição à presidência dos Estados Unidos, o vitorioso seria Barack Obama. Mesmo em círculos empresariais alemães, Obama é considerado favorito diante de seu rival, JohnMcCain. Uma enquete demonstrou que dois terços dos industriários entrevistados votariam no candidato do Partido Democrata.
A poucos dias do pleito, a União Européia (UE) se mantém reservada. Para o alemão Günter Verheugen, vice-presidente da Comissão Européia, uma eleição nos Estados Unidos não muda os princípios dos interesses estratégicos e econômicos do país.
"Muitos na Europa têm grandes expectativas em relação a Barack Obama. Eu gostaria de saber de forma mais concreta o que podemos esperar da próxima administração norte-americana."
Política comercial e de relações exteriores
O motivo da insegurança em Bruxelas é a falta de afirmações concretas sobre as futuras políticas externa e – o que é muito importante para a UE – comercial. Um elemento importante das relações transatlânticas é e continuará sendo o comércio entre os gigantes econômicos União Européia e Estados Unidos.
Sobre os democratas norte-americanos, sabe-se de sua tendência ao protecionismo. Isso também vale para Barack Obama, afirma o deputado liberal europeu Alexander Graf Lambsdorff: "A tentação de que um presidente democrata para que siga a tendência protecionista é muito maior. No tocante a comércio mundial e política econômica, John McCain certamente seria melhor para a Europa do que Obama".
Mas a economia não é o único fator importante nas relações entre a União Européia e os Estados Unidos. Trata-se de buscar uma melhor sintonia – do que nos tempos do governo George W. Bush – entre as políticas externas dos dois parceiros.
Novo contato com europeus
Nos últimos anos, foram divergentes na maioria dos casos as opiniões de UE e EUA sobre importantes questões de política internacional, como as relações com a Rússia ou o Irã, a ampliação da aliança militar Otan ou o sistema de defesa antimíssil, sem esquecer a guerra no Iraque e o combate ao terrorismo.
A máxima de George W. Bush após os atentados de setembro de 2001 "quem não é por nós está contra nós" ofendeu o resto do mundo, especialmente os europeus. Por isso, o eurodeputado democrata-cristão Elmar Brok, ex-presidente da comissão de política externa do Parlamento alemão recomenda: "Qualquer novo presidente norte-americano bem assessorado deve buscar um novo contato com os europeus".
Para Bernard Kouchner, ministro francês de Relações Exteriores e atualmente presidente semestral do conselho de ministros da UE, é hora de restabelecer o equilíbrio político entre os dois lados do Atlântico: "Basta de supremacia norte-americana".
Segundo Brok, os EUA enfraqueceram e perderam credibilidade. A situação só pode melhorar, afirma. Ninguém ousa fazer prognósticos sobre o vencedor. Segundo Verheugen, "quem quer que seja o próximo presidente norte-americano, ele não será um parceiro fácil para a Europa".